Coppola Pinot Noir 05

coppola2Pinot Noir da vinícola do famoso diretor de cinema Francis Ford Coppola, que tem descendência italiana, o vinho surpreende por ser bem aromático, não ter aquele peso de vários pinot do novo mundo e ser bem gastronômico, com acidez e taninos bem colocados e um correto amargor final.

Coppola cresceu sob forte influência do vinho e da gastronomia e em 1975 adquiriu sua primeira vinícola em Napa Valley. Esse Pinot Noir 2005 pertence à linha Diamond Series e apresenta uma cor evoluída em um corpo leve. Um vinho bem prazeroso, que coppola3envelheceu durante apenas quatro meses em barricas novas, e se aproxima mais de um Borgonha que de um exemplar sul americano.

Como todo bom vinho norte americano, é vendido no Brasil por um preço elevado, o que faz com que não tenhamos o costume de comprar vinhos dos EUA. O top da casa, Rubicon, ultrapassa os três dígitos.

Neck ou Low Shoulder?

 

mouton57Você já reparou, quando está procurando um vinho de safra antiga para comprar, em lojas que tem site, nas descrições das garrafas muitas colocam dizeres como: “Top Shoulder”, “Base Neck”, “High Shoulder”. Você sabe o que isso significa? Eu também não. Quer dizer, sei que está se referindo ao nível do vinho dentro da garrafa, mas nunca soube exatamente qual o nível do líquido para cada uma dessas expressões.

Há lojas que descrevem até a situação dos rótulos e das cápsulas. Isso é bem interessante para quem gosta de colecionar os rótulos e também dá dicas da conservação da garrafa. Caso o rótulo esteja manchado, isso indica que pode ter havido vazamento devido à altaneck temperatura, o que é extremamente maléfico ao vinho.

Veja o mapa de expressões e suas relações com o nível do vinho contido na garrafa. Dizeres como “high to mid shoulder fills, signs of seepage, some slightly corroded capsules” na descrição da garrafa mostram seriedade e honestidade da loja.

 

Quinta da Neve Chardonnay 2008

quintadaneveO Quinta da Neve Chardonnay é o último lançamento da vinícola que ganhou notoriedade pelo seu Pinot Noir. Um vinho de boa acidez, cor amarelo palha e corpo bem leve. Produzido e engarrafado pela Villa Francioni, mas com um estilo completamente diferente do chardonnay que leva o nome da vinícola. R$39,00.

Don Melchor 89 e La Croix 05

lacroixNessa semana, respondendo o convite dos amigos, pude tomar dois vinhos de distinta categoria. Meus amigos Diniz e André Azevedo me convocaram para tomar um La Croix de Beaucaillou 2005 e um Don Melchor 1989.

O La Croix de Beaucaillou é o segundo vinho do sensacional Ducru-Beaucaillou. Um vinho francês de extrema categoria, feito de um corte de cabernet sauvignon com merlot, da sensacional safra de 2005. O vinho tem um nariz exuberante, muito aromático, com muita flor e um carvalho tostado. Na boca é encorpado e muito suculento, me fez pensar como estará esse vinho daqui a dez anos. Muito bom hoje, mas vai melhorar bastante com a guarda. Uma grande dica para quem for ao exterior, pois esse vinho custa 4 vezes menos nos EUA.

O outro vinho, um Don Melchor 1989, oferecido pelo amigo André, já era um velho conhecido. Essa donmelchorsafra eu nunca tinha tomado, a mais antiga tinha sido a 1993, que me recordo ter muita madeira e muito mentol. O 1989 estava bem diferente, tinha um aroma de Porto, fumaça, frutas secas e um defumado. Um vinho mais rústico que o primeiro, e apesar de não ter sido uma grande safra para o Don Melchor, foi o mais interessante dos que tomei. Quem tiver essa safra em casa a dica é beber já, pois não irá evoluir mais.

Quanto aos amigos, continuem me convidando para essas degustações que não recusarei o convite. Agradeço pelos vinhos e muito mais pela amizade de vocês.

Brasília Restaurant Week 2010

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Começa nesta 2a. feira o Brasília Restaurant Week 2010, principal evento gastronômico do mundo. Nesta segunda edição, Brasília contará com 75 restaurantes participantes, que no período de 25 de janeiro a 7 de fevereiro estarão com menus promocionais – almoço a R$ 27,50 e jantar a R$ 39,00, mais UM real como donativo espontâneo à entidade beneficente Nosso Lar. Como exemplo temos o restaurante Babel, que preparou um menu pra lá de especial. Veja na foto um dos pratos principais do jantar: Risoto thai (camarão, leite de côco, pimenta-de-cheiro, curry vermelho tailandês, abacaxi e amendoim).
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Para os que não sabem o circuito Restaurant Week surgiu em Nova Iorque há 17 anos e hoje ocorre em 100 cidades ao redor do globo. No Brasil as cidades participantes são: S.Paulo, Rio, Recife e Brasília. Serão duas semanas de agitação na cidade; uma ótima oportunidade para os gourmets visitarem restaurantes de diversos estilos espalhados por toda Brasília, a um preço acessível e sempre com Menu e serviço completos: Entrada + Prato principal + Sobremesa. Acompanhe a lista completa dos restaurantes do BRW-2010 (clique aqui). Bom apetite!

Bordeaux 1982!

petrusA safra de Bordeaux 1982 foi a que tornou Robert Parker o imperador do vinho. Todo o mundo do vinho estava ávido por uma safra do mesmo nível da de 1961. Havia 21 anos de frustração, e a toda colheita sonhava-se com a grande safra.
Os donos de Château anunciavam aos quatro ventos que era a melhor safra desde 1929, o próprio Parker estava desconfiado de tanto alarde, e só emitiu opinião ao beber os vinhos nas barricas em 1983. Ficou tão maravilhado com a qualidade que morreu de medo de voar da França aos EUA, com receio de o avião cair, e ele não poder publicar suas impressões sobre os vinhos degustados. Publicou elogios sublinhados, descreveu os vinhos como “profundos”, “opulentos”, “carnudos”, “picantes”, “maduros”, “ricos”, “viscosos”, seus comentários eram recheados de entusiasmo. Já os outros críticos americanos de destaque na época, Robert Finigan e Terry Robards, se não falavam mal da safra, também não se entusiasmavam com ela. O primeiro dizia que os vinhos eram muito extravagantes e sugeria a compra dos 1980 e 81 em vez dos 82. Robards disse que os 1970 eram uma escolha melhor.
Na verdade nem Finigan, nem Robards foram negativos em relação aos vinhos, só não foram suficientemente positivos como foi Parker. A crítica inglesa também era comedida em seus comentários. O mercado americano que já estava familiarizado com o periódico de Parker vibrou com a publicação da The Wine Advocate de abril de 83, com todas aquelas notas altas, e tratou de encomendar caixas e mais caixas de Bordeaux 82, fazendo uma grande publicidade em cima disso. A safra 82 ficou conhecida como “Bordeaux americano”, do tanto os EUA compraram.
Até hoje persiste a idéia de que Parker foi o primeiro a destacar a grandeza da safra 82, fato negado por ele mesmo, atribuindo esse mérito ao crítico francês Michel Bettane. Graças à posição assumida em relação à safra 82, Parker ascendeu e decretou o declínio de seus concorrentes.

Fonte: O Imperador do Vinho (Elin McCoy)

Foto: Eugênio Oliveira (Petrus 82, que Parker disse ter sido o vinho mais perfeito e simétrico que ele já provara, em 1983).     

Barbera d’Asti Camp du Rouss

campdurouss2Barbera d’Asti Camp du Rouss 2005, do produtor Luigi Coppo. Cheio de fruta, com ótima acidez e um sofisticado toque de carvalho. Uma boa escolha para acompanhar uma massa com molho de tomate e manjericão. R$89,00
Vale lembrar que esse mesmo vinho, da safra 1999, também já foi provado e postado aqui no DCV, no dia 09/08/09.

Era dos Ventos surpreende em Paris!

Beber o dia como se fosse noite
Beber a lágrima como se fosse mar
Beber a luz como se fosse alma

Beber tua boca como se não fosse flor
Beber teus olhos como quem não toca as mãos
Beber teus sonhos como quem rouba a lua

Beber dos ventos, confundir o tempo,
Beber da Era a solitária valsa
Beber das terras, as chuvas, e os sóis, entorpecer

Morrer de vinhos, moinhos de mim…
(outrora vez)
Beber o fim.

Com esse poema do Luis Zanini (impresso no contra-rótulo da garrafa), começo a aventura de abrir uma garrafa, do tão aguardado por mim, Era dos Ventos Peverella 2008. Após tomar conhecimento do projeto no blog Enoteca do Bruno Agostini, fiquei sabendo que se tratava de uma nova vinícola em que os sócios eram o Pedro Hermeto do restaurante Aprazível-RJ, o Luis Zanini da Vallontano e o Álvaro Escher, enólogo do lendário Cave Ouvidor. Com a presença desse último no projeto, não havia como não me lembrar do seu vinho, ainda mais por se tratar da mesma uva, a rara Peverella. Uma uva branca, trazida para o Brasil por imigrantes italianos do Alto Adige e do Vêneto, no final do século XIX, e que na década de 40 foi a uva branca mais plantada na serra gaúcha.
Hoje essa uva praticamente não existe mais na Itália, e no Brasil está ameaçada de extinção, pois os viticultores arrancam suas plantações para plantar uvas comercialmente mais rentáveis. O Álvaro e o Luis, fãs dessa uva, convenceram viticultores a não arrancar videiras de 80 anos, e fizeram o vinho em questão.
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Encontrei o Luis em um evento que a Vallontano participava, e perguntei a ele sobre o projeto Era dos Ventos. Ele se assustou e perguntou como eu sabia disso. Disse que era fã do Cave Ouvidor e que estava muito interessado em conhecer o vinho. Criou-se uma empatia e ele me disse que eu seria o primeiro a conhecer o vinho, assim que estivesse disponível. Passados alguns meses, falo com o Luis e ele me diz que o vinho está disponível e que serei a primeira pessoa física a adquiri-lo.
Entrei em contato com o Pedro Hermeto no Rio, que me atendeu com muita cordialidade, e comprei  os vinhos.
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O vinho é feito todo em madeira, as cubas de fermentação são octogenárias de carvalho europeu. A fermentação ocorre 50% em barrica francesa e 50% em barrica americana, nenhuma delas nova. Não há filtração, estabilização, nem controle de temperatura. A busca desse vinho, é encontrar o gosto da terra em que essas uvas nasceram, respeitando ao máximo a natureza ao elaborá-lo. Tem muitos princípios biodinâmicos, muitos orgânicos, e muitos pessoais, do que eles acreditam ser o correto, com processos nada intervencionistas. Como me disse o Luis, é um vinho para as pessoas que querem se aprofundar na questão “vinho-terra”, não é um vinho para competição, degustação às cegas, etc…é para ser bebido de sandálias, na maior simplicidade possível, quase “franciscano”, em profunda sintonia com a natureza. Foram feitas aproximadamente 500 garrafas desse vinho dourado, complexo e aromático, e uma delas já cruzou fronteiras indo pousar em Paris. Levada por Jonathan Nossiter, a pedido do Luis, para apresentá-la a Jean Marc Roulot, do Domaine Guy Roulot, prestigiosa vinícola em Mersault na Borgonha. Roulot é casado com Alix de Montille, também enóloga e filha de Hubert de Montille (o senhor carequinha do cartaz de Mondovino), lenda de Volnay, também na Borgonha. O vinho foi aberto junto com um Fendant, suíço do Domaine de Beundon, um francês Juraçon de Yvonne Hégoburu e um Pouilly-Fuissé da Domaine Valette, todos brancos. O Era dos Ventos foi o primeiro a acabar, Roulot disse: “Isso é vinho de verdade, vinho de terroir, não parece com nada que eu tenha provado da América do Sul”. O vinho tinha conquistado o exigente paladar de Roulot. O Luis só errou ao colocar no contra-rótulo a frase: “Este vinho contém 11% de espírito”. Na verdade contém 111%. O Era dos Ventos soprou em Paris.

Lágrima Canela 2007

lgrima canela 2Walter Bressia já era um reconhecido enólogo Argentino quando no início de 2003 resolveu fundar, junto com sua esposa e filhos, sua própria vinícola, a Bodega Bressia. Batizou o vinho que produz de “vinho de família” em que utiliza o conceito minimalista para o desenvolvimento de todos os vinhos que produz, com o mínimo de intervenção humana apoiada por tecnologia apropriada.

A Bodega Bressia produz 08 vinhos, sendo 06 tintos (Ultima Hoja, Monteagrelo Malbec, C.S, Syrah, Bressia Profundo e Bressia Conjuro-o Top dos tintos) e dois brancos (Monteagrelo Chardonnay e Lágrima Canela), que ele chama de “vinhos para alma”. Os vinhos são maturados em barricas de carvalho francês e americano, permitindo um estilo equilibrado em concentração de madeira. A bodega produz também um espumante chamado Bressia Royale e uma Grappa chamada Bressia dal Cuore.

Tomei o Lágrima Canela 2007, que é uma mistura de Chardonnay com Semillòn, feito em Tupungato-lgrima canela 1Mendoza a uma altitude de 1.100 metros, fermentado e maturado em barricas novas de carvalho francês e americano durante 14 meses. Vinho de cor amarelo ouro, bastante fechado aromaticamente,
mas que na boca mostrava untuosidade, acidez, frescor e final longo, mas achei a madeira um pouco carregada. Talvez a guarda amenize essa aresta. O Lágrima Canela, safra 2006, foi eleito o melhor vinho branco argentino pelo Guia Descorchados 2009 e é um vinho difícil de encontrar até na Argentina. No Brasil há um importador lá no sul, quem quiser mais detalhes me mande um comentário que responderei prontamente.

De quem é a foto do Portal-DCV?

Desde que inauguramos o Blog, vários amigos e internautas nos questionam sobre a foto-banner do cabeçalho, dizendo-se maravilhados pela beleza da mesma. Pois bem, resolvi então abrir o verbo. Notem que tudo no DCV é autêntico, personalista e inovador – este é o ideal meu e do parceiro Eugênio [é o modus operandi nosso e não abrimos mão disso]. Tudo no Site é produzido pela equipe “em terra” [risos]: desde a criação do layout, manutenção da Página, passando pelos desenhos rabiscados, até as fotos principais dos artigos e a quase totalidade das imagens de vinhos. Além das matérias exclusivas (sem cópias e/ou reproduções), é claro.

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Foto-1: Castello Fontodi | Foto-3: San Gimignano cercada de vinhedos (belíssimo!).

A foto de fundo do Portal não foge ao escopo. Ela é de minha autoria e a produzi quando em viagem de férias à bela Itália. A mesma foi feita na rodovia SR-222 – conhecida como Strada Del Vino, na Toscana. Na ocasião, eu e esposa alugamos um carro por dois dias para conhecer os vinhedos de Chianti, indo de Firenze até Montalcino. É algo que RECOMENDO a todo mortal antes de passar a outra vida. É belíssimo e nem preciso dizer que as paisagens são de tirar o fôlego. A foto do Site mostra um parreiral na beira da estrada, carregado de uvas sangiovese, que naquele período (setembro/08) estavam prestes a serem colhidas; os cachos quase tocavam o chão de tão pesados. -Se provei algumas frutas? Ah, claro que sim; sem dúvida! Parei o carro ao longo das estreitas vias e, craw: “peguei emprestado” meio cachinho e comemos. Ah…que delícia. Mesmo com o Mastercard, isto não tem preço! Vejam acima fotos desta aventura.


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Na volta da viagem, além de centenas de fotos e vídeos – e fortes lembranças, muitas ampolas (três caixas, pra falar a verdade). Vejam a foto de algumas preciosidades trazidas (três Brunellos e dois Supertoscanos), duas das quais ainda sob guarda.
Os vinhos, da esquerda p/ direita: Brunello Biondi Santi 2001 – Brunello Castello Banfi 2001 – Brunello Conti Costanti 2000 – Collezione de Marchi Isole/Olena 1994 – Paleo 2002.