Cordilheira de Santana Chardonnay 2005

cordilheiradesantanaO Cordilheira de Santana Chardonnay 2005 é um vinho complexo: uma mistura de aromas de frutas maduras, resultante da excelente adaptação desta cepa ao solo e ao clima da região de Palomas, com o sabor de baunilha torrada, obtido através da fermentação em barris de carvalho. Acompanhamento ideal para lagostas, camarões, ostras, e salmão defumado. R$55,00.

The Cover Drive 2003

cover drive1Conheci esses dias o vinho australiano The Cover Drive produzido por Jim Barry em Clare Valley e Coonawarra. Na parte sul de Coonawarra havia o Penola Cricket Ground (um campo de cricket, aquele que parece jogo de betes) que foi inaugurado em 1950, e desativado em 1996. Jim Barry comprou a propriedade de 30 acres e plantou um vinhedo de cabernet sauvignon. O pitch, aquela superfície rígida no meio do campo, e o pavilhão original foram mantidos, com o vinhedo sendo plantado ao redor, preservando um pouco da história. Desse vinhedo vem parte das uvas que farão parte do vinho, o restante vem de parcelas selecionadas das plantações que a família Barry mantém em Clare Valley.

O rótulo do vinho retrata um senhor de bigode, com a vestimenta do jogo de cricket, em movimentocover drive2 de quem acabou de rebater uma bola, em referência ao campo de jogo que virou vinhedo.
O The Cover Drive 2003 é 100% cabernet sauvignon, com 15% de teor alcoólico, cor negra que mancha a taça, com aromas mentolados e um pouco adocicados. Encorpado, e de final longo. Um vinho bem estilo novo mundo que pode ser acompanhado de carne vermelha ou tomado sozinho devido à baixa acidez.

Tour du Sème, um malbec Bordeaux

tsemeVou falar de um vinho expressivo, senão bastante significativo, da região de Bordeaux. Trata-se do Château Milens Tour Du Sème 2004, Grand Cru St.Emilion. Este exemplar de Saint Emilion é a prova viva de que Bordeaux continua a produzir grandes vinhos não somente da uva Carbernet Sauvignon, mas também de outras castas, nem por isso menos típicas da região. Assim, encontramos a todo momento maravilhas feitas com Merlot, Cabernet Franc, até a Malbec, além das tradicionais mesclagens. Esta ampola do tinto Tour Du Sème é um exemplo disto. Feito da uva malbec, 100% varietal (não muito usual), o Ch. Milens é sempre citado no meio vinícola como produtor de um vinho de garagem, com tratamento impecável do vinhedo e invariavelmente tem seus rótulos bem valorizados entre os entendedores. A safra em questão (2004) foi provada no encontro de fim de ano da confraria Amicus Vinum (de Brasília) e ofertada pela confreira Marcelle Oliveira. Esta enófila sempre nos brinda com grandes vinhos, notadamente franceses, que conhece como ninguém. Vejam a foto dela junto ao vinho. Em quase todos encontros em que a querida Marcelle participa, surgem pérolas como esta. Vinhos encantadores, com muita tradição regional, sem apelo comercial, mas de personalidade ímpar, que ela traz de suas andanças pelas terras da França. Se você não tem uma Marcelle na sua vida – nós temos [risos] – aproveite esta resenha para se deliciar!

O vinho estava perfeito; já no ponto. Certamente com genética para mais 8 anos, pois trata-se de um Grand-Cru, e que na minhatseme opinião atingirá maior ápice no período. Taninos presentes mas bem harmônicos. O impressionante é que na boca ainda se mostrava rústico e com uma concentração inacreditável com finíssima elegância. Presença de amoras e leve cacau. Seu intenso aroma enche o nariz, com frutas e minerais. Nota: 92pts. Pena não ser encontrado no Brasil – procurando na Internet achei à venda em sites da Inglaterra e EUA. Apesar do ano Brasil-França ter acabado: vive La France!

Pascal Jolivet Indigène Pouilly Fumé 2006

indigne 2A 200 km ao sul de Paris se encontra a região de Pouilly, na encosta direita do Loire. A proximidade com o rio favorece a existência do microclima onde a umidade desempenha um papel importante. A seleção das vinhas, de diversos solos formados na era do gelo, confere ao vinho um toque mineral.

Fermentado naturalmente em suas próprias leveduras, o vinho é amadurecido em suas borras por 12 meses antes de ser engarrafado, sem filtração nem refrigeração. É um vinho 100% sauvignon blanc, como todo pouilly-fumé, de cor amarelo esverdeado, aromas florais, médio corpo. Não é um vinho untuoso nem de final longo. Combina bem com entradas, pratos de mariscos, queijo de cabra curado e peixes cozidos.

Cave Ouvidor – Na Natureza Selvagem

Novamente pude tomar essa raridade de vinho (só 1.000 garrafas) feito em Garopaba-SC. O vinho no caso é o Cave Ouvidor Insólito 2005. Feito da uva Peverella, que também é conhecida como Malvasia di Vicenza, originária do Tirol na Austria, e que foi introduzida no Brasil em 1930. Uma uva rara hoje em dia no país, pois quase todos vinicultores arrancaram suas plantações para plantar uvas de maior apelo comercial.
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O vinho foi feito pelos irmãos Alvaro e Vitor Escher em um sítio em Garopaba, em que não há energia elétrica até hoje. Eles compraram as uvas no Rio Grande do Sul e vinificaram em Garopaba. Não há vinhedos em Garopaba. A primeira vez que ouvi falar desse vinho foi em 2007, através do Ed Motta que teceu elogios de “melhor vinho branco da América do Sul” e “às cegas diria se tratar de um branco natural do Loire”. Ele disse, que quem o tinha apresentado esse vinho foi o Jonathan Nossiter. Mais tarde, lendo o livro Gosto e Poder, descobri que quem apresentou o vinho ao Jonathan foi o Luis Zanini da Vallontano, que considero o verdadeiro descobridor dessa pérola.
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Já tive vários contatos com o Vitor Escher para compra de seus vinhos, e no fim de 2009 meu amigo Ricardo Salmeron foi passar o reveillon na praia do Rosa, vizinha ao sítio. Liguei para o Vitor e pedi que recebesse meu amigo para compra de algumas garrafas. Acesso difícil, principalmente em dia de chuva, o sítio fica no alto de um morro, e só carro 4X4 consegue subir. Ao chegar, meu amigo se deparou com nosso Alex Supertramp (personagem do filme Na Natureza Selvagem) e suas centenas de livros espalhados pela casa. Um forasteiro do vinho. Passaram uma tarde tomando seus vinhos e ouvindo estórias de vida, meditação, religião, vinhos, alimentação e tudo mais. Percebe-se que o estilo de vida levado naquele sítio é repassado ao vinho (o Alvaro já não faz mais parte do projeto), totalmente fora do circuito econômico, complexo, difícil de agradar logo de primeira, que te faz prestar atenção e se perguntar se está gostando ou não. Um vinho totalmente na contramão do que é feito hoje em dia em matéria de brancos. Um líquido transgressor, que me faz recordar brancos do Jura, naturais do Loire, brancos oxidados do Veneto, e que para outros lembra um Jerez. Uma cor marrom castanha, oxidada propositalmente, que leva muita gente a crer que o vinho está ruim. No nariz, mel, resina, cera. Na boca pouquíssima acidez, levemente picante e grande untuosidade. Não é um vinho fácil de agradar, principalmente aos iniciantes em brancos. Contrário aos vinhos de hoje, sem nenhum apelo comercial, mas que talvez por tudo isso se torne o vinho maravilhoso que é. Segundo o Vitor, contradizendo tudo que foi noticiado, haverá sim uma nova safra do Cave Ouvidor. Vamos aguardar e torcer que aconteca o quanto antes.
Foto Vitor Escher: Eduardo P.L
Foto da  vista do sítio e  barricas: Ricardo Salmeron.

Quem gosta de Pinot Noir?

bichot 1Sempre tive a sensação de que em degustações com muitos rótulos, de diversos países e estilos, os tintos mais prejudicados sempre são os feitos de Pinot Noir. Esses vinhos por serem mais delicados, normalmente menos encorpados e mais ligeiros que os exemplares de outras castas, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Tannat, levam desvantagem na apreciação em feiras e degustações em que a miscelânia de rótulos prevalece.
Vinhos feitos somente de Pinot Noir, principalmente franceses (há vinhos de Pinot do novo mundo que mais parecem Cabernet), precisam de observação, atenção e até mesmo de uma concentração quase impossível de se obter nessas grandes feiras de vinhos. Os exemplares bastante frutados, com muita madeira, alto teor alcoólico, adocicados e bem encorpados roubam a atenção, e quando um pinot é levado à boca parece que foi diluído em água, dando uma sensação de um vinho inferior que não é.
Não estou dizendo que sou contra a presença desse tipo de vinho nas feiras, só acho que quem gosta de Pinot, deveria começar a provar os tintos por eles, só passar para outras castas quando tiver completamente saciado, e não retornar a eles durante o evento, pois corre o risco de se decepcionar com algo que já tenha gostado.
Digo isso pois foi o que ocorreu comigo ao provar 03 exemplares franceses de Pinot Noir em recentebichot 2 feira. Os vinhos eram o Château de Dracy 2007, Chassagne-Montrachet 2007 e o Pommard Clos des Ursulines 2006, todos de Albert Bichot, que faz vinhos de negociante e de produtor. Provei os vinho e os tinha achado interessantes, principalmente o Pommard. Depois de inúmeras provas de espanhóis, italianos, californianos, chilenos, argentinos… retornei ao estande dos pinot e me decepcionei com algo que tinha gostado. Acho que é por isso que muita gente aqui no Brasil diz não gostar de Pinot Noir, experimentam em condições adversas mas não percebem isso.
 

Tiramisu 2 (cont…)

Se você é daquele que ainda não experimentou a receita original de tiramisu, veja abaixo o vídeo “Resgatando o doce mais amado do mundo”, mostrando passo-a-passo como se faz (fonte: ItChefs-&-Co). Se ainda não se convenceu, há cerca de dois meses foi quebrado (jornal BBC London) um recorde mundial que entrou para o Guinness Book. Uma dúzia de Chefs franceses confeccionou, no famoso festival de gastronomia de Lyon, o maior Tiramisu do mundo (foto post anterior). Esta gigantesca torta do céu tinha 1.072 Kg, que consumiu 4.000 ovos, 300Kg de queijo mascarpone, 60Kg de creme, 192Kg de açúcar, 180Kg biscoito champagne, 12Kg de chocolate e 5Kg de café. Pois bem, se não fosse o tiramisu, não haveria o recorde, certo. Daí nos perguntamos: por quê eles não fizeram um “creme-brulé”? Porque até os franceses se rendem aos encantos celestes! :))

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Tiramisu: um pedaço do céu!

guiness tiramisuNuma recente enquete entre vários Chefs pelo mundo, uma sobremesa foi citada como a mais apreciada entre todas: o tiramisu. Certamente que isto gerou controvérsias. Seja como for, este doce italiano, conhecido como “o pedaço do Céu na Terra”, causa delírio em quase totalidade dos mortais terráqueos [risos]. Em italiano [tirame-su] quer dizer leve-me
ao céu, ou alce-me. Junto com sua fama surgiu outro desejado produto enófilo, o vinho siciliano Marsala, que

marsala_riserva1980

acompanha a receita tradicional do doce. O mais famoso é o Famiglia Pellegrino (foto), com 18 anos de barrica, e produzido fortificado como os vinhos do Porto, os Madeiras ou Jerez. Assim como os chefs espalhados pelo globo, também escolhi o tiramisu como minha sobremesa predileta, desde que a conheci verdadeiramente cerca de sete anos atrás – digo isto porque no Brasil as casas costumam modificar esta receita de sucesso internacional, e acabam por macular o sabor original. Como dizem alguns críticos gastronômicos: ela é simplória e extraordinária – a única que com tamanha simplicidade na produção, a torna espledidamente luxuosa”! Singela completude: creme tipo marshmallow, açúcar, biscoito de leite embebido em vinho Marsala, queijo, chocolate e café. Precisa de algo mais?!