Edição especial da Revista diVino

divinoEdição de aniversário de 02 anos da revista diVino. Essa revista é bimestral e bastante difícil de ser encontrada em bancas, principalmente fora de São Paulo. Devido a essa dificuldade, aconselho assinar, pois é uma revista muito bem impressa e seu grupo de colaboradores conta com Manoel Beato e Alexandra Corvo, entre outros.

Essa edição está imperdível:

Harmonização de vinhos com feijoada no restaurante Dinho´s (SP).

Super entrevista com o MW neozelandês Bob Campbell.

Marco Danielle encontra Claude Courtois no Loire e Philippe Pacalet na Borgonha.

Degustação de 08 Super-Bordeaux safra 1982.

Painel de 14 Côtes du Rhône.

Entrevista com Randall Grahm, dono da Boony Doon (Parte II)


grahm2Os produtores do Rhône sempre reagiram bem aos seus rótulos?
 
Acho que, desde o início, perceberam que os rótulos eram uma homenagem a eles. Tive sorte de que eles perceberam isso. Na verdade, os meus vinhos e os feitos na California com variedades do Rhône acabaram divulgando os vinhos deles. Eles viram que eu era um amigo, a favor da causa deles, e não um inimigo.


Em 2006, quando você produzia cerca de 450 mil caixas de vinhos por ano, você vendeu quase 90% dos ativos da Bonny Doon, inclusive algumas linhas grandes e populares como a Big House e a Cardinal Zin. Por que fez isso? Você acordou um dia e se perguntou o que estava fazendo à frente de uma empresa tão grande?
 
Não foi só um dia, foram vários. Percebi que não queria mais fazer aquilo por vários motivos (Grahm não menciona na entrevista, mas teve sérios problemas de saúde em 2004 e esse foi também um dos motivos que o fez vender boa parte da empresa, além do desejo que querer ficar mais tempo com a mulher e filha, hoje com 7 anos). Estava interessado no cultivo biodinâmico e não haveria jeito de fazer todos os meus 65 produtores de uvas se tornarem biodinâmicos. Era impossível. Hoje uso 5 produtores. Também produzo minhas própria uvas. Não vou te explicar os detalhes da produção, pois é complicado. Vendi há uns poucos meses um vinhedo, que produzia Grenache e Albariño. Agora estou com um vinhedo novo em San Juan Bautista (a cerca de uma hora de carro de Santa Cruz), onde só plantamos até agora meio acre.

Esse é o vinhedo em que você vai plantar uma série de variedades misturadas?
 
Sim, mas vou fazer isso com alguma inteligência. Quero criar uma enorme diversidade genética. Quero que cada planta seja literalmente geneticamente diferente da outra. Mas que cada uma tenha, de alguma maneira, algo em comum. Não é óbvio como se chega nisso. Tem-se que usar algum tipo de filto de seleção. Não quero as melhores plantas. Não quero a melhor Syrah, a melhor Grenache. O que eu quero é tentar fazê-las trabalhar de uma forma conjunta, como um sistema. Ao longo do tempo, posso mudar meus critérios de seleção, refiná-los e ver o que funciona melhor. O que eu quero é criar as condições para que algo novo e interessante ocorra. Mas eu ainda não sei o que será. E provavelmente vou conseguir algo diferente do que eu esperava. Alguma coisa vai acontecer, mas ainda não sei o quê. Até agora só plantei mudas de Pinot Noir. Mas ainda estou desenhando o experimento. Estou falando com muita gente ainda para fazer um experimento bem pensando e não estúpido.

Você acha que a biodinâmica é o caminho para produzir vinhos melhores?
 
Honestamente, não estou alinhado ideologiamente com nada a não ser tentar fazer vinhos que expressam o sentido do lugar e não sejam manipulados. A biodinâmica é uma prática muito útil para atingir esse objetivo. Você consegue uvas saudáveis, não contamina o meio ambiente. Tudo isso é bom. Mas ela não é uma garantia de qualidade. Você ainda precisa de um ótimo vinhedo para produzir grandes vinhos e precisa desenhá-lo de uma forma inteligente.

Defender as tampas de rosca inclusive para os vinhos tintos de guarda foi uma aposta acertada?
 
Por sorte, eu estava totalmente certo. Vinhos com tampa de rosca evoluem de forma totalmente diferente do que vinhos com rolha. Quando novos, eles não são tão expressivo quanto os com rolha. Mas eles se tornam mais interessantes com o tempo. Eles seguem um caminho evolutivo diferentte. Estou totalmente convencido de que eles duram 50% de tempo mais do que os vinhos com rolha. Hoje há muita pesquisa. Se você produz Riesling, pelo amor de Deus, não há razão alguma para usar rolhas. Zero. Nenhuma razão. O mesmo se aplica a um Bordeaux. Eu compraria um Château Margaux com tampa de rosca para guardá-lo por 20 anos.

Sei que você é um fanático da Pinot Noir, mas você também gosta das cepas do Rhône?
 
Quando estava plantando esse novo vinhedo em San Juan Bautista, pensei em quais variedades queria plantar. Obviamente queria plantar uvas que dessem certo, que produzissem vinhos que as pessoas comprem. Mas no momento estou tentando ir além das considerações comerciais e pensado profundamente em que vinho gostaria de produzir lá. Que vinho eu gostaria de beber? É uma situação mais ou menos como aquela da pergunta sobre qual vinho você levaria se ficasse preso numa uma ilha deserta. Eu sei que ninguém fica preso numa ilha deserta (risos). Mas, se ficasse, gostaria de beber um Châteuneuf-du-Pape todo dia? Não. Gostaria de beber um Borgonha? Provavelmente sim. Um Riesling? Sim.

O que faz você gostar de um vinho?
 
Vou pensar no que gosto nos vinhos brancos. Há um certo perfil gustativo de que eu realmente gosto. Gosto de vinhos com acidez, cítricos. Gosto também que eles tenham algum corpo, mas precisam ter uma certa graciosidade e mineralidade. Para mim, Clos Sainte Hune (um Riesling do produtor alsaciano Trimbach) é o vinho branco perfeito. Não é possível ser melhor do que ele. Eu não posso produzir algo assim. Mas gostaria de fazer algo com alguma dessas características. No tintos, gosto da Syrah, mas quais seriam os sabores de que realmente gosto?. É interessante é que certa vez ouvi o Michel Bettane (conhecido crítico francês de vinhos) dizer que há um momento em que um Châteauneuf-du-Pape e muitos outros tintos também, não só baseados na Syrah mas também na Cabernet, atingem um certo balanço, um certo momento, em que surge esse sabor de alcaçuz . É um momento perfeito. Pode me chamar de louco, mas gosto de tintos com gosto de alcaçuz. E você encontra essa característica na Pinot Noir, na Syrah e até no Cabernet.

A opção por vinhos “mais naturais” implica produzir vinhos menos perfeitos tecnicamente. Isso não é mais arriscado do ponto de vista comercial?
 
Isso passa pela definição do que é ter sucesso. Um tipo de sucesso pode ser produzir vinhos sem falhas, que recebem notas altas do (crítico de vinhos norte-americano Robert) Parker e que podem ser vendidos a preços elevados. Mas eu definiria sucesso de uma forma um pouco diferente. Se eu conseguir ganhar dinheiro suficiente para permanecer no negócio, manter as portas abertas, ter o tipo de vida que quero, poder experimentar e brincar, bem, isso é sucesso para mim. O vinho não precisa ser perfeito. Mas precisa ser fruto do meu melhor. Preciso estar presente no vinhedo, na produção, estar engajado em todo o processo. Isso é sucesso. Tem gente que critica os biodinâmicos e dizem que as técnicas deles não funcionam. Os vinhos seriam bons não por causa da da adoção dessas técnicas, mas, segundo esses críticos, porque os biodinâmicos trabalham mais a terra e são atentos aos detalhes. E eu pergunto: qual o problema em ser mais atento aos detalhes? Isso não é defeito.

Você mencionou Parker. Você lê o que os críticos escrevem?
 
Não. Não tenho tempo para isso. Claro que eu leio um artigo sobre vinho de vez em quando, mas a crítica é cheia de erros. A degustação é um tipo muito preciso de arte. Do jeito que ela é feita hoje em dia é algo muito impreciso. Não é possível entender um vinho degustando-o por apenas um segundo. Isso é apenas um retrato de um momento. A maioria das críticas realmente não me ajuda muito. Sempre estou interessado em encontrar vinhos novos e originais. Prefiro confiar mais nas opiniões dos amigos e de pessoas em que confio. Eu, por exemplo, não iria conhecer o Domaine Viret, que pratica a cosmocultura no Vale do Rhône, se dependesse dos críticos de vinhos.

Você incluiria todos os críticos nessa definição?
 
Bem, há alguns críticos que degustam muito bem, que são muito sérios. Mas eles trabalham demais, degustam muitos vinhos ao mesmo, estão numa linha de produção. Degustar virou um trabalho. A crítica deles virou um produto. Prefiro confiar em amadores que degustam menos vinhos, mas os degustam com mais profundidade. Não dá para entender um vinho apenas num segundo. Eu não consigo e suspeito que as pessoas também não consigam. Você fica só nos aspectos mais superficiais do vinho.

As mudanças climáticas estão alterando a forma como você produz vinho?
 
Sim e não. Estamos mais preocupados com a disponibilidade de água do que com o aumento de temperatura em razão das mudanças climáticas. Acho que estaremos Ok se houver uma pequena mudança no clima. Me dizem que algumas áreas costeiras da Califórnia e do Oregon não vão ser muito impactadas com as regiões dos vales situados no interior, que deverão ficar mais quentes. Aqui (em Santa Cruz) geralmente não chove depois de abril, mas este ano choveu um meados de maio. Mas não devemos ter chuvas até outubro. Temos investir em agricultura sem irrigação, mais ou menos como se faz na Espanha.

Você continua fazendo experimentos malucos, como colocar rochas no vinho?
 
Aquilo foi um experimento específico. Foi apenas uma curiosidade. Agora estou interessado em cristais, como as ametistas. Mas não estou interessado nelas por sua possível interação física com ograhm3 vinho, mas sim por sua influência energética. Não estou pensando em colocá-los dentro do vinho, mas sim mantê-las por perto do vinho. Quero fazer isso de mente aberta, sem ter uma ideia pré-concebida, apenas para ver o que acontece. O vinho é algo muito sutil. Não é impossível que isso faça alguma diferença.

Fonte: Marcos Pivetta – www.jornaldovinho.com.br e blog do Luiz Cola Foto:Dr.Vino.com

Wente C.Wetmore Cab.Sauvignon 2005

wente1Este exemplar dos EUA é uma boa amostra para aqueles que ainda não conhecem bem os vinhos americanos. Um verdadeiro achado. Mescla de cabernet com petit-verdot, tem aromas de cereja e chocolate, carnudo e bem equilibrado. Ao contrário do que se imagina, ele mostra sutileza depois dos 18 meses de estágio em barricas. E está com preço “apetitoso”. R$ 73,00 – Adega Brasília (405 Norte/DF).

Puro Sangue de Didier Dagueneau

pursang1Pouilly-Fumé feito por Didier Dagueneau é coisa muito séria, e rara nos dias de hoje, já que o mesmo faleceu em 2008. Encontrar uma garrafa de seus vinhos está virando umpursang2 desafio. Dessa vez tive a oportunidade de conhecer o Pur Sang 2004, que comparado ao seu vinho top, Silex, mostrou menor acidez e mineralidade, mas ainda bem presentes. Boca gorda, láctea e amanteigada sem chegar a ser um daqueles chardonnay barricados do novo mundo. Percebe-se a presença do tostado da barrica, muito elegante, com toques de limão, herbáceo e o café aparece quando a temperatura sobe um pouco. Um nariz muito cativante. O Silex mostrou-se mais fluido e delicado e o Pur Sang mais espesso e intrigante. Relíquias dos dias de hoje.

Vallontano Tannat 2002!!!

valontano1Não sou muito de comprar vinhos da uva Tannat, mas um que geralmente tomo é o Vallontano. Já tinha tomado os das safras 2004 e 2007 (esse até postei aqui) e ainda tinha uma garrafa do 2002. Outro dia falando com o Zanini, perguntei se esse vinho ainda estava bom, ele me disse que ainda tinha algumas garrafas em seu arquivo, e que, se essa minha estivesse bem acondicionada estaria boa sim. Pois bem, abri essa garrafa e às cegas duvido que alguém dissesse que era Tannat. Sua adstringência característica tinha se resolvido, gerando um vinho sem aquela tanicidade característica da uva, e com aromas bem evoluídos de couro e estrebaria que adoro. Tanto esse como outros exemplares brasileiros, de safras tão ou mais antigas, comprovam que o vinho brasileiro também é passível de envelhecer bem.

Abdução pela uva Baga de Portugal

baga2005Esta semana voltei a provar uma uva que passei a gostar e admirar… Calma lá, pessoal, não repeti o rótulo (pensaram que quebraria meus princípios facilmente, hein – tomei outro vinho da mesma uva). Trata-se da casta Baga, encontrada na Bairrada, Portugal. Meu contato de 1o. grau com esta baga foi ano passado, num encontro da confraria Amicus Vinum. Na ocasião provei um ícone de Portugal, o Casa de Saima Reserva, da Bairrada. Maravilha de vinho. Uma produção de autor devido à alta tipicidade desta uva extremamente difícil de domar. Fui abduzido… e rumo aos contatos de 2o, 3o. e 4o. graus. [risos]

Agora foi o Luis Pato Baga 2005, que nas mãos deste vinhateiro português, torna-se uma selvagem revestida de seda. Ele é conhecido como um dos primeiros a amaciar com sucesso esta rústica uva, tida como tânica e dura. Hoje é quase um símbolo na região, onde se produzem ótimos vinhos varietais com ela. Este rótulo provado continha ainda uma pequena parte de Touriga (10%). Nota: 87 pts.

Um vinho incrível para acompanhar refeição. Perfeito à mesa. Principalmente se acompanhado pelo leitão assado da Bairrada. Talvez seja uma forte característica desta casta, além de seu suave sabor achocolatado. Que ficou comprovado com minha segunda degustação deste tipo de vinho. Recomendo a todos uma prova, e depois me digam se não tenho razão?

Nicolas Joly sofre AVC

jolyO mês de outubro de 2010 não tem sido nada bom para o mundo do vinho. Morreu nesse mês, Marcel Lapierre, produtor de Morgon natural. Em seguida faleceu Pascal Leclerc-Briant, presidente da Leclerc-Briant (maior produtora de Champagne biodinâmica) e acabo de receber a notícia de que Nicolas Joly (Coulée de Serrant, maior nome do biodinamismo atual), sofreu um AVC e está hospitalizado. Segundo as primeiras notícias, o caso inspira cuidados, mas parece não haver risco de morte. Joly é o presidente da Feira de Biodinâmicos que acontece em São Paulo. A feira está confirmada. Torcemos por sua recuperação.

Revista Wine Style n.30, IMPERDÍVEL.

styleA revista Wine Style número 30 que acaba de chegar às bancas está imperdível. Traz várias notícias, como o anúncio da segunda feira de vinhos Biodinâmicos que ocorrerá em São Paulo, agora em novembro. A feira se chama Renaissance des Appellations, liderada por Nicolas Joly, que estará presente. A revista traz ainda:

Uma grande e esclarecedora reportagem sobre a vinícola ícone Clarendon Hills, que acaba de chegar ao Brasil pelas mãos da Vinissimo.

Uma matéria com os Bierzo Boys que cultivam a milenar Mencía, na Espanha.

Cobertura do Grand Cru Tasting, evento da importadora Grand Cru.

Cobertura da Decanter Wine Show, evento da importadora Decanter.

E ainda: Vertical de Cobos, Vertical de Chianti Classico Rocca di Montegrossi, reportagem com François Lurton e o trajeto do filme Sideways.

Realmente uma edição para guardar.

Prosecco Vigna del Cuc Brut

proseccovignacucEste belo prosecco é de produção italiana, do veneto, vinícola Case Bianche. Classificação Conegliano Valdobbiadene, vinhedo específico “Cuc”. Amarelo-palha claro, brilhante. Tipicamente fragrante, com notas delicadas florais, de maçã e pêra. Cremoso e fresco. R$ 77,00 – De Marceille.com.br (Decanter).