Mainqué – O merlot da Bodega Chacra

mainque1Mainqué, o novo vinho da Bodega Chacra (Argentina) é uma homenagem ao vilarejo de Mainqué, onde as vinhas estão plantadas. Estão ao lado das vinhas de pinot noir do Chacra 55 e se submetem aos mesmos cuidados biodinâmicos. A safra 2008 (apenas 4788 garrafas) é a segunda desse vinho, feito de merlot, que para muitos é a grande uva da Patagônia. Apesar de a malbec ser a uva emblemática da Argentina, tenho preferência pela cabernet sauvignon e merlot da Patagônia.

O vinho apresentou-se floral, com frutas frescas, mineral e redondo. Aromas adocicados,mainque2 bem novo mundo, e um ótimo frescor, característica dificilmente encontrada nos vinhos argentinos super concentrados. Um merlot muito bem feito. Os outros 03 vinhos da Bodega Chacra são 100% pinot noir e já foram postados aqui. Chegou pela Grand Cru, foi para Expand e está na Ravin. Esse Mainqué não vem para o Brasil, e é difícil achar até na Argentina, pois quase toda sua produção é exportada.

Os perigos na divulgação dos benefícios do vinho

wsespecial-2As últimas quatro edições da revista Wine Spectator, na versão Web, trazem artigos enaltecendo o consumo de vinho devido suas propriedades “medicinais”. Como sou leitor assíduo da revista, vejo um certo exagero da publicação onde visa nitidamente o aspecto mercadológico, mais que a obrigação de informar ao leitor a respeito dos trabalhos médicos sobre o assunto. O resveratrol é benéfico até certo ponto, e nossa obrigação como divulgadores do vinho – um produto obtido à base de álcool – é alertar os consumidores da bebida para os perigos à saúde.

Não é a primeira publicação norte-americana que conheço que pratica este tipo de publicidade ferrenha e exagerada. Vejam duas publicações da revista onde aparecem os @-Newsletter aos assinantes, além de edições especiais sobre saúde e bem-estar para consumidores de vinho. Se o objetivo é obter lucro para as indústrias, e a saúde das pessoas, como fica? Na imagem anexa, a matéria ao fundo traz: “Extrato da semente da uva pode combater a Leucemia e Obesidade”. Já a edição especial, com 40 páginas, diz na manchete: “O Poder de Cura do Vinho”.
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Isso acontece também com outras revistas científicas, como a Sky & Telescope ou Astronomy Magazine – revistas sobre Astronomia -, que durante certo tempo usaram e abusaram do sensacionalismo para vender. Em diversas ocasiões, nós, astrônomos, nos deparamos com reportagens sobre a passagem de brilhantes cometas recém descobertos, os quais sabíamos que não produziriam os espetáculos visuais anunciados nas revistas. Assim também era com chuvas de meteoros que surgem de tempos em tempos, cuja beleza pirotécnica somente seria vista para observadores situados em um determinado ponto sobre a Terra, não sendo visível para o resto do planeta. Tradução capa ao lado: Alerta de Tempestade – como assistir à maior chuva meteórica do século.

Por outro lado a publicação norte-americana de vinho presta bons serviços com a divulgação de cuidados com a saúde em geral, trazendo matérias informativas sobre bem-estar. Sempre com artigos baseados em pesquisas médicas, saúde e alimentação. Isto é ótimo e louvável, mas não podemos esquecer dos exageros quando o tema é os benefícios do vinho e as consequências com a ingestão do álcool. Devagar com andor que o santo é de barro. Pelo sim ou pelo não, beba moderadamente. Sinta o que seu corpo “fala”. Não acredite em tudo que a mídia diz. Aliás, vamos então derramar umas pro santo [risos]. Tim-Tim!!

Graham’s Extra Dry White (Porto Branco)

portoGraham’s Extra Dry White (Porto Branco): Fresco e seco, com um delicioso toque frutado, o Graham’s Extra Dry é um celebrado aperitivo. Este vinho é fortificado mais tarde que a maioria dos vinhos do Porto, para que boa parte de seu açúcar residual seja fermentado. Servido gelado, é perfeio antes das refeições. Em Portugal faz grande sucesso combinado com água tônica e limão nos dias mais quentes. Mistral, R$ 51,60.

Carmelo Patti 2002

carmelo1Cabernet Sauvignon argentino de uma ótima safra por lá. Esse vinho é feito em Lujan de Cuyo, região de Mendoza. Muita gente o considera o melhor C.Sauvignon argentino. O vinho demonstrou ser um muito fácil de beber, sua cor já estava evoluída, com bordos atijolados.carmelo2 No nariz muita fruta madura, compota de ameixa e todo aquele adocicado de vinho argentino. Na boca se confirma o doce, taninos sedosos sem nenhuma adstringência. Foi chamado de vinho “fofo” por uma das presentes. Fiquei pensando o que seria um vinho “fofo” e talvez seja isso mesmo: Docinho, que não pega na língua, fácil de agradar. Não é o tipo de vinho que procuro hoje para tomar, mas com certeza, tem muitos apreciadores.

Ch. Ausone 1997

ausone1O outro vinho da noite em que tomei o Mouton-Rothschild 81 foi o Château Ausone 1997. Um vinho da margem direita de Bordeaux que privilegia a merlot e a cabernet franc, contendo 55% da primeira e 45% da segunda. O château leva o nome do poeta latino Ausônio e é o menor dos premiers grands crus classés de Bordeaux, com apenas sete hectares. Esse é o vinho que rivaliza com o Cheval Blanc, pelo título de melhor de Saint-Émilion. Em certas safras chega a custar bem mais que seu rival, e junto a ele, faz parte do chamado Bordeaux Big 8 (os 5 premier cru do lado esquerdo, os dois citados e Petrus).ausone2

A safra 1997 teve um mau começo, com preços altíssimos, mas já em 2001 os vinhos estavam disponíveis pela metade do preço “en primeur”. Hoje a 97 é considerada uma safra magra em Bordeaux; são vinhos prontos, que não vão melhorar com a guarda, para beber agora.

Esse Ausone 97 estava com uma textura aveludada, aromas intensos de eucalipto, sem ser pesados. Um sabor marcante, prolongado, macio. Um Bordeaux delicado, feito por um grande produtor, que se superou mesmo em uma safra mediana.

Ch. Mouton-Rothschild 1981

mouton1O que esperar de um vinho com trinta anos de idade? Potência, exuberância? Com certeza não. Dependendo do produtor e da qualidade da safra, é possível que o vinho ainda esteja vivo; mas nada de esperar aquela fruta potente e aromas explosivos dos exemplares recentes.

Vinhos desta idade normalmente apresentam a chamada “complexidade”, mostrando uma cor granada, com reflexos alaranjados e aromas que tendem para ferro, iodo, chá, musgos… E um corpo médio com taninos nada agressivos. Muita gente ao se deparar com essas características imagina estar tomando um vinho defeituoso ou insatisfatório ao seu paladar. Não gostar desse tipo de vinho não é demérito algum, é apenas gosto pessoal. Apreciar esse estilo necessita tempo, litragem, aprendizado e gosto adquirido. Quem jamais tomou um vinho bastante evoluído irá estranhar a primeira vez, e se após várias provas, chegar à conclusão de que essa evolução não o agrada, tudo bem, você gosta é de vinho jovem e não há problema algum nisso.

Falei tudo isso para dizer que um vinho como o Château Mouton Rothschild 1981 é um vinho desses: Evoluído, pronto, que não vai melhorar em nada com a guarda mouton2(pelo contrário, beba já). Diferentemente de safras mais antigas como a mítica 1945, ou a tão idosa quanto, 1982 (desse mesmo produtor), que ainda podem ser armazenadas. A safra 1981 em Bordeaux é considerada o que os especialistas chamam de safra fantasma, boa, mas adjacente a uma histórica, como a 82, se torna menos badalada.

O Mouton 81 estava fantástico, confesso que não esperava tanto desse exemplar. Sua cor estava opaca e turva, provavelmente pela idade e agitação da borra. Sua melhor característica foi a complexidade aromática, que evoluiu muito durante a prova, apresentando aromas de iodo, cravo e terra molhada. Tem um corpo médio e taninos bem suaves. O outro grande vinho dessa noite fica para um próximo post.

Ch. Haut-Brion Blanc 04, vinho Raro!!

hb1O Château Haut-Brion é o único dos premier grand cru classe de Bordeaux, que faz um vinho branco que leva o nome do primeiro vinho tinto. Esse é um vinho raro . Sua produção vem de um vinhedo de apenas três hectares, de solo plano, de cascalho, e subsolo de argila, no cume de uma colina dentro da cidade. Isso gera um microclima precoce, e Haut-Brion é quase sempre a primeira propriedade de Bordeaux a colher uvas brancas. Uvas que estão sempre maduras, e tem seu mosto fermentado em barris novos, franceses, da região de Allier. O vinho descansa por 12 meses, e envelhece em barris novos (apenas 45%). Antigamente todo envelhecimento era feito em barris de primeiro uso, o que gerava um aroma de carvalho muito intenso.

Metade do vinhedo é plantado com Sémillon e a outra metade com Sauvignon Blanc, que tem uma produção muito baixa, pois as videiras dessa cepa sofrem de eutipiose.hb2 Já a Sémillon tem uma colheita farta, mas como o vinho leva praticamente 50% de cada cepa, sua produção fica ainda mais escassa. Esse Haut-Brion Blanc 2004 se mostrou com uma cor amarelo-ouro brilhante, aromas de carvalho e  pêra bem madura. Denso, untuoso e com ótima acidez, é um excelente acompanhamento para vieiras, crustáceos e peixes nobres. Sugiro uma lagosta ao molho bisque. Vinho raro já no início do ano. Espero que degustar outros no decorrer do mesmo.

Novos Vinhos da Villagio Grando

Tive o prazer de ser convidado por Marcelo Camargos e sua esposa Zuka, para degustar os novos vinhos da Villagio Grando que ainda não estão no mercado. As garrafas nem rótulo tinham, traziam apenas uma etiqueta que dizia a safra e a uva do vinho, quando varietal.

A Villagio Grando é uma vinícola de Santa Catarina, da região de Herciliópoles, município de Água Doce. As primeiras mudas foram trazidas da França pelo enólogo Jean Pierre Rosier, e foram plantadas em 1998. Em 2000, foram implantados alguns dos vinhedos hoje existentes em escala comercial, e atualmente a vinícola conta com um vinhedo de 48 hectares.
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Os vinhos degustados (da esq.p/dir.) não tinham rótulo nem ficha técnica, sendo assim, uma degustação praticamente às cegas, que me levaram às seguintes impressões:

1-Espumante Brut Rosé: Um vinho com um perlage bem intenso, fechando a coroa, com um nariz simples e baixa cremosidade. Provavelmente feito pelo método charmat.

2-Sauvignon Blanc 2009: Cor bem amarelada. Denso e untuoso na boca, com baixa acidez e um leve açúcar residual (que me incomodou). Não lembra em nada um S.B. tradicional.

3-Chardonnay 2008 ou 09: A etiqueta estava meio apagada e não dava para afirmar a safra. Outro vinho que fugiu dos padrões, com um herbáceo bem marcante, e um fumo e café que sugeriam passagem por carvalho, apesar de os representantes dizerem que a V.G. não utiliza madeira em seus vinhos. Exemplar com ótima acidez, que faltou no Sauvignon Blanc.

4-Rosé 2009: Sugerido como um corte em proporções iguais de C.Franc, Merlot e Malbec, é um rosé de cor mais densa, como os do novo mundo e os espanhóis e portugueses. Outro vinho que foge do convencional, com a fruta bem cozida, lembrando até um porto ou um madeira.

5-Além Mar 2008: Vinho que promete ser a estrela da casa, juntamente com o chardonnay, é um corte de C.Franc./Merlot/Malbec, mas haverá uma mudança gradual para cepas portuguesas. Elaborado pelo enólogo português Antonio Saramago (o mesmo que faz o vinho Dúvida?postado aqui, e que hoje é meu vinho português predileto), é aromaticamente complexo, passa 08 meses em barricas francesas de tostagem média, lembrando velho mundo. Já em boca ele confirma ser um exemplar do novo mundo.

6-Colheita Tardia 2009: O nariz doce engana antes do primeiro gole, sugerindo algo enjoativo. Ao beber, a acidez é cortante chegando a incomodar. Aromas químicos e de jasmim, chegou a lembrar um Jerez em algum momento.

A impressão que tive da Villagio Grando é que eles não querem repetir o que os outros estão fazendo. Querem fazer vinhos de exceção, movidos pela paixão, que irão agradar não o grande público, mas aquele grupo específico de aficionados por vinhos exóticos e radicais. Eu aprovo!

Vinhos no encerramento do semestre na FACUL

turmaiesbDespedida da Faculdade com bons vinhos no OliverPara comemorar o final do semestre na FACUL, eu e meus amigos da Gastronomia fomos comer e beber no restaurante Oliver, do Clube de Golfe de Brasília. O evento consolidava a amizade do grupo e o merecido descanso, após o estressante mês de provas de novembro/2010, além de celebrar as altas notas conquistadas [risos] no fim de curso. Estiveram presentes eu e Márcia, Renata e TS, Pedro e Sandra, Jorge, esposa e o filho. As ampolas para esta bela ocasião listo abaixo. Resta esperar ancioso pelo início do próximo semestre letivo. A renovação da matrícula já está feita. Yéahh…

Les Fumées Blanches, F.Lurton (branco) – Um vinho branco que agradou a todos. A sensação da noite. Tanto que foram duas garrafas a mais deste refrescante vinho de Françoise Lurton. Este que é um dos maiores produtores de Sauvignon Blanc do Languedoc, França. Como a maioria comeu peixes e frutos do mar no jantar, ele combinou deliciosamente com os pratos. 86 pts.

Aquitânia Reserva 2006 C.Sauvignon – um vinho leve p/ médio, com toques frutais e ótima estrutura. Já haviaaquit1les-fumees provado (ver nosso Log de Avaliações-DCV) e aprovado. Com toda característica dos cabernet’s chilenos. Muito gostoso à mesa. Uma harmonia e elegância marcante, com presente terroir e forte tipicidade. Um rótulo realmente expoente. Nota 88 pts. É desta viña que saem o laureado corte bordalês, Lazuli, e o premiadíssimo Chardonnay, Sol de Sol.

Aproveitando a deixa, registro que nos próximos dois semestres inteiros estarei estudando mais profundamente sobre vinhos e enologia na Faculdade – disciplinas obrigatórias -, o que repercutirá diretamente no aumento de qualidade do Site DCV, com Posts de maior conteúdo, digamos, acadêmico. Mas é lógico, sempre com aquela nossa marca hilariante, criativa e descontraída. Ganha o internauta, o leitor e os enófilos de plantão [risos].