Ch. Mouton-Rothschild 1981

mouton1O que esperar de um vinho com trinta anos de idade? Potência, exuberância? Com certeza não. Dependendo do produtor e da qualidade da safra, é possível que o vinho ainda esteja vivo; mas nada de esperar aquela fruta potente e aromas explosivos dos exemplares recentes.

Vinhos desta idade normalmente apresentam a chamada “complexidade”, mostrando uma cor granada, com reflexos alaranjados e aromas que tendem para ferro, iodo, chá, musgos… E um corpo médio com taninos nada agressivos. Muita gente ao se deparar com essas características imagina estar tomando um vinho defeituoso ou insatisfatório ao seu paladar. Não gostar desse tipo de vinho não é demérito algum, é apenas gosto pessoal. Apreciar esse estilo necessita tempo, litragem, aprendizado e gosto adquirido. Quem jamais tomou um vinho bastante evoluído irá estranhar a primeira vez, e se após várias provas, chegar à conclusão de que essa evolução não o agrada, tudo bem, você gosta é de vinho jovem e não há problema algum nisso.

Falei tudo isso para dizer que um vinho como o Château Mouton Rothschild 1981 é um vinho desses: Evoluído, pronto, que não vai melhorar em nada com a guarda mouton2(pelo contrário, beba já). Diferentemente de safras mais antigas como a mítica 1945, ou a tão idosa quanto, 1982 (desse mesmo produtor), que ainda podem ser armazenadas. A safra 1981 em Bordeaux é considerada o que os especialistas chamam de safra fantasma, boa, mas adjacente a uma histórica, como a 82, se torna menos badalada.

O Mouton 81 estava fantástico, confesso que não esperava tanto desse exemplar. Sua cor estava opaca e turva, provavelmente pela idade e agitação da borra. Sua melhor característica foi a complexidade aromática, que evoluiu muito durante a prova, apresentando aromas de iodo, cravo e terra molhada. Tem um corpo médio e taninos bem suaves. O outro grande vinho dessa noite fica para um próximo post.