Pinot Noir de Claude Courtois

courtoispinot1Já postei sobre alguns vinhos do Claude Courtois aqui no site. Falei primeiro sobre o Quartz (branco feito de Sauvignon Blanc) que infelizmente não estava à altura de outros Quartz tomados. Mais recentemente escrevi sobre o Romorantin, outro branco desse produtor, que estava maravilhoso, sem ressalvas. Agora venho postar o primeiro tinto desse viticultor.

Do mesmo vinhedo dos citados acima, Les Cailloux du Paradis, esse tinto é feito exclusivamente de pinot noir, no Loire. Eu nunca tinha tomado um pinot do Loire, ecourtoispinot2 feito por esse produtor nada intervencionista, que quando utiliza SO2 o faz em doses mínimas, apenas no engarrafamento para que o vinho possa viajar, tinha tudo para ser diferente. Safra 2006, um pinot com cor de pinot, nariz com muita fruta vermelha como amora e cereja, mas também com uma estrebaria e um embutido presente. A próxima postagem sobre um vinho desse produtor será sobre outro tinto do mesmo vinhedo.

Colonia las Liebres Bonarda: 3 vezes!!!

Aproveitando nossa última postagem em que vinhos baratos batem Petrus e Margauxs, vou falar de um singelo vinho de ótima qualidade; não que será melhor que os mega franceses, se é que me entendem [risos]. Pela terceira vez provei este que para mim é o maior campeão do custo/benefício que conheço. Preço: 32 reais! Não que ele seja o vinho dos coelhos (liebres), mas porque ele é bom, mesmo (rsrsrs). Na verdade, foi por curiosidade que acabei fazendo uma “prova vertical” deste vinho argentino. Encontrei esta recém safra no restaurante Pobre Juan, de Brasília – que de “pobre” nada tem [ri$o$].

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O Colonia las Liebres Bonarda 2008 vem com novas garrafas do tipo borgonha, diferentemente das usuais bordalesas, com pescoço abrupto. Deu um toque de charme a esta ampola cujo líquido é pra lá de elegante. Frutado e de médio corpo, seus taninos são suaves e com alguma complexidade. Bem equilibrado, esta safra continua a carreira promissora deste exemplar da vinícola Alto Las Hormigas. Um belíssimo trabalho com a uva Bonarda, originária da Itália, e que encontrou nas montanhas de Mendoza um terroir perfeito. Sem passagem em madeira, seu vinhedo tem mais de 30 anos, que mostram toda a força e frescor da bonarda. Além de tudo o vinho é versátil à mesa, combinando com vários pratos de carne inclusive carnes brancas. Muito bom p/ massas e risotos. Abaixo, tenho minhas notas da vertical atemporal.
– Liebres Bonarda 2005 (prova: Nov-2007): 89 pts.
– Liebres Bonarda 2006 (prova: Out-2008): 87 pts.
– Liebres Bonarda 2008 (Fev-2011): 88 pts.  Me digam: é ou não é um campeão, hein?!!

Às cegas tudo fica às claras!!!!

cegasTudo bem, esse vídeo já foi linkado em vários outros blogs de vinho, mas achei interessante postar aqui, para que os internautas que passam pelo DCV também tenham a oportunidade de vê-lo. Uma degustação às cegas com Petrus, Margaux, Haut-Brion, Mouton e outros desse nível, e dois azarões. Adivinha no que deu? Entre os gabaritados degustadores estavam Michel Bettane, famoso crítico francês e Olivier Poussier, eleito melhor sommelier do mundo em 2000. Grande vídeo, legendado em português, confira:

http://www.youtube.com/watch?v=ptXx_1lPwG8

 

Maximo Boschi: o vinho de guarda do Brasil

Há luz no fundo do túnel?
Como um eterno confiante, vou responder a vocês que, sim. Sempre haverá!
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Participamos anteontem da apresentação dos vinhos Maximo Boschi aqui em Brasília, sediados na Churrascaria Fogo de Chão, cujo contato inicial foi do amigo Petrus (Amicus Vinum). Pode-se dizer que foi uma noite revigorante e esperançosa. Ninguém iria imaginar que uma dupla de enólogos, vindos da Serra Gaúcha pudesse aportar na Capital e dizer ao Brasil que estava vendendo um vinho com uma década de idade. Isto mesmo, eu disse uma década! Que petulância, alguns poderiam pensar. Um vinho nacional enveredando pelo caminho das mais renomadas ampolas do mundo…engarrafando anos depois…distribuindo outro par de anos, por fim?! Mas logo percebe-se que eles não estavam brincando e nem caçoando de ninguém. O que os parceiros Renato Savaris e Daniel Dalla mostraram foi que falavam sério. O projeto “nasceu assim”, dizia Renato na preleção aos ouvintes da degustação.

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O portfolio da vinícola tem cinco ampolas, sendo [quase] todas de longa evolução. Contando com casa cheia (mais de 40 atentos enófilos da Cidade), os vinhos agradaram e, de certa forma, surpreenderam alguns. Até na ordem de serviço o proprietário Renato ousou. Primeiro veio o branco, o Chardonnay 2004, com sua cor palha e aromas intensos. Na boca tranquilo e pouca acidez, com leve cítrico. Após duas horas o bicho ainda se mantinha vivo e com bom cheiro de maçã na taça. Algo a ser considerado, certamente. Em seguida surgem as estrelas da noite, os tintos barricados 12 meses + 3 anos em garrafa. Resultado: somente ocorre a distribuição cerca de 5 a 6 anos após a colheita, cuja safra 2000 é a única existente do Cabernet Sauvignon e do Merlot. Passados estes onze anos os vinhos ainda pulsavam. O Merlot, então, foi a sensação. Taninos domados, acidez controlada, bouquet envolvente e muita, muita estrutura e redondo. Para o fim ficaram os espumantes, que da mesma forma também surpreenderam pela complexidade, sendo o Brut Speciale 2006 elaborado com maturação de 3 anos em contato com as leveduras. Não fosse o açúcar residual, viraria um untuoso champanhe. O que teremos de novidade deste Boschi? Será o Máximo?! Dizem eles que a safra 2004 em breve distribuirão. Estamos curiosos pelo que terá dentro destas ampolas…talvez surpresas ainda melhores? Quem sabe! Por via das dúvidas, já encomendei um kit completo dos cinco rótulos de 2000, 2006/7. Não é todo dia que temos um vinho nacional de ONZE anos – com força ainda para mais cinco – com tanta complexidade, vivacidade e estrutura. Veja o que foi falado deste vinho há mais de dois anos (clique Aqui).

Viña Sastre Crianza 2004

sastre1Vinho espanhol de cor cereja muito intensa, quase opaca, com grande complexidade aromática de frutas vermelhas, geléia de groselhas, baunilha e madeira bem integradas no conjunto do vinho. Na boca é saboroso e potente, equilibrado, com taninos redondos, longo retrogosto e persistência de notas frutadas torradas. Permanece durante seis meses em barrica de carvalho americano. 100% Tinta del País (Tempranillo). R$ 174,90 na Adega Brasília – 405 Norte, Bloco D, Loja 7 – Tel: 061 3340 2936.

Stickleback, no mínimo um vinho criativo

sticklebackVerdelho, Semillon, Viognier e Pinot Gris. Estas são as castas deste vinho do sul da Austrália. Um branco realmente instigante. Criativo, poderíamos dizer. Uma mistura tão inusitada de uvas brancas, que me fez pedir o vinho imediatamente, quando passei para jantar no restaurante Triplex, em Brasília, às margens do Lago Paranoá e diante da belíssima ponte JK. Este Stickleback Heartland 2008 é australiano. É produzido pelo enólogo Ben Glaetzer e mais dois amigos sócios, onde usam uvas de vinhedos próprios em Langhorne Creek e Limestone Coast.

Com uma bela cor dourada e fios de verde, ao prová-lo sentimos aromas de limão e pêssego. Na boca surge o limão e uma leve matiz doce das uvas – não sei ao certo qual delas. Boa acidez e leve cítrico. Vejam a foto do contra-rótulo as indicações dos produtores, onde aparecem as uvas, sugestões de harmonização e suas características, que inclui a picância, simbolizada pelo peixinho vermelho (ZESTY). Certo amargor no final, o que faz seu conceito descer alguns níveis [risos]. Nota: 84 pts. Apesar disso eis um vinho, no mínimo criativo.

Hoje tem Maximo Boschi em Brasília

boschiO Decantando a Vida traz para Brasília a vinícola brasileira Maximo Boschi. A empresa da Serra Gaúcha estará apresentando os seguintes vinhos de seu portfólio:

Espumante Brut Tradizionali 2009

Espumante Brut Speciali 2006

Chardonnay Speciali 2007

Merlot 2000

Cabernet Sauvignon 2000

Um dos diferenciais da Maximo Boschi é ter no mercado, vinhos de safras com 11 anos de evolução, como são seus tintos. O enólogo e sócio, Daniel Dalla fará a apresentação, e esclarecerá as dúvidas dos presentes.

O evento, ocorrerá na Churrascaria Fogo de Chão (Brasília), HOJE dia 22/02, às 20:00; os convidados já foram comunicados.

Cervaro della Sala 2006

cervaro1Um dos melhores vinhos brancos da Itália que já tomei (junto com o Fiorduva da Marisa Cuomo), é feito de 85% chardonnay e 15% grechetto. Produzido pela aclamada família Antinori, esse branco é feitocervaro2 na Úmbria com afinamento em madeira, por 14 dias em barricas de carvalho novas, e mais 06 meses em barricas menos proeminentes. Um vinho mineral, denso, untuoso, com aromas de baunilha e bem cítrico, com retrogosto longo. Mais uma vez o problema é o preço. Quando temos um branco de qualidade, dificilmente o preço é amigável. Em Brasília na Art Du Vin (3365 4078).

Kefraya, o surpreendente vinho do Líbano

kefrayaUfáhh, galera, enfim voltei ao mundo “dos vivos”, o que quer dizer, ao mundo interligado pela informática: conectado, plugado! Nos últimos dias estive “fora do ar” por conta de mudança de residência. Aí já viram, né, tudo desligado, sem computador, perdido no espaço, sem mesa, e todas aquelas tralhas jogadas no lixo depois de anos de uso – e muitas vezes sem uso [risos]. Costumo seguir à risca um pensamento oriental que diz que sempre devemos reciclar nossa vida a cada ciclo de 10 anos. Foi o que fiz!!!

Retomando os posts, no início do ano bebi um vinho pra lá de instigante e quase desconhecido da maioria dos leitores, vez que vem da antiga Mesopotâmia(?). Aproveitei o Festival Restaurant-Week de Brasília para revisitar o Lagash, um restaurante de comida árabe, localizado na 308 Norte (3273-0098). Os pratos que mais aprecio são o carneiro marroquino e o pernil assado ao molho de romã – deliciosos. Na ocasião, o prato era um Ouzee: arroz, carneiro desfiado, passas e nozes, assados dentro de uma massa folhada. Um preparo tradicional, repaginado nesta versão do Lagash. O restaurante reformulou a carta de vinhos e agora conta com ótimas ampolas para escolha dos fregueses, e dentre elas constam alguns vinhos árabes, notadamente do Líbano. Isto mesmo, o vinho que provei foi um legítimo vinho libanês… lógico, com técnicas de produção modernas, pois diz a história que lá se produzem vinhos desde a antiguidade. Vamos a ele.captura de tela 2011-02-19 s 14.20.21

Chatêau Kefraya 2006 (Líbano)
. Eu já o havia provado (degustado uma singela tacinha) na inauguração da loja Zahil aqui na Capital, mas foi a safra 2001. Esta de 2006 manteve a qualidade da prova anterior, e mostrou-se mais equilibrada no quesito álcool. Aroma intenso de álcool que logo desaparece (na safra 2001 o cheiro perdurou quase 20 minutos!). Surpreende na boca com leve corpo, harmonioso, sedoso, delicioso. Muito bom à mesa. Longo final, com sabor frutas secas, figo e damasco. É um belo corte de Cabernet(40%), Mourvèdre, Carignan e Grenache, todos envolvidos por 14 meses em barricas. Apesar disso, lá no fundo do barril, sente-se uma tipicidade latente, que talvez ainda remeta aos primórdios da vinicultura dos antepassados libaneses. Certamente, um vinho que não se pode deixar de provar.