Kefraya, o surpreendente vinho do Líbano

kefrayaUfáhh, galera, enfim voltei ao mundo “dos vivos”, o que quer dizer, ao mundo interligado pela informática: conectado, plugado! Nos últimos dias estive “fora do ar” por conta de mudança de residência. Aí já viram, né, tudo desligado, sem computador, perdido no espaço, sem mesa, e todas aquelas tralhas jogadas no lixo depois de anos de uso – e muitas vezes sem uso [risos]. Costumo seguir à risca um pensamento oriental que diz que sempre devemos reciclar nossa vida a cada ciclo de 10 anos. Foi o que fiz!!!

Retomando os posts, no início do ano bebi um vinho pra lá de instigante e quase desconhecido da maioria dos leitores, vez que vem da antiga Mesopotâmia(?). Aproveitei o Festival Restaurant-Week de Brasília para revisitar o Lagash, um restaurante de comida árabe, localizado na 308 Norte (3273-0098). Os pratos que mais aprecio são o carneiro marroquino e o pernil assado ao molho de romã – deliciosos. Na ocasião, o prato era um Ouzee: arroz, carneiro desfiado, passas e nozes, assados dentro de uma massa folhada. Um preparo tradicional, repaginado nesta versão do Lagash. O restaurante reformulou a carta de vinhos e agora conta com ótimas ampolas para escolha dos fregueses, e dentre elas constam alguns vinhos árabes, notadamente do Líbano. Isto mesmo, o vinho que provei foi um legítimo vinho libanês… lógico, com técnicas de produção modernas, pois diz a história que lá se produzem vinhos desde a antiguidade. Vamos a ele.captura de tela 2011-02-19 s 14.20.21

Chatêau Kefraya 2006 (Líbano)
. Eu já o havia provado (degustado uma singela tacinha) na inauguração da loja Zahil aqui na Capital, mas foi a safra 2001. Esta de 2006 manteve a qualidade da prova anterior, e mostrou-se mais equilibrada no quesito álcool. Aroma intenso de álcool que logo desaparece (na safra 2001 o cheiro perdurou quase 20 minutos!). Surpreende na boca com leve corpo, harmonioso, sedoso, delicioso. Muito bom à mesa. Longo final, com sabor frutas secas, figo e damasco. É um belo corte de Cabernet(40%), Mourvèdre, Carignan e Grenache, todos envolvidos por 14 meses em barricas. Apesar disso, lá no fundo do barril, sente-se uma tipicidade latente, que talvez ainda remeta aos primórdios da vinicultura dos antepassados libaneses. Certamente, um vinho que não se pode deixar de provar.