A experiência do gosto – O melhor livro de vinho já escrito no país.

jorgeluckiEsse livro saiu no final do ano passado, e apesar de fã incondicional do Jorge Lucki, ao ler os releases sobre o livro, nas revistas especializadas, desanimei. Todas as publicações diziam ser uma compilação das colunas que ele publica semanalmente no jornal Valor Econômico. Pensei comigo: “Livro caça-níquel, reedição de coisas já lançadas”. Não comprei e me dei mal, acreditando em releases de quem, com certeza, não leu o livro.

O livro não é uma simples reunião das colunas já editadas. Lucki escreve há 10 anos para o jornal, e nesse período foram escritas aproximadamente 400 colunas. Destas foram selecionadas 64, revisadas e modificadas, com vistas a publicação em livro. O crème de la crème de um dos maiores conhecedores de vinho do mundo.

Capítulos curtos, diretos e altamente esclarecedores. A parte sobre tanino, anidrido (S02), histamina e a sensibilidade de cada um, já vale o livro. Tem muito mais: A maquiagem dos taninos para se obter vinhos mais imediatos, mesmo que em detrimento da acidez, e a areação para liberar odores de redução em vinhos fechados há muito tempo, são outros assuntos abordados de maneira simples, direta e fácil de entender.

Por mais que digam que é uma coletânea de colunas já escritas, não faça como eu, corra e compre o livro. Na minha modesta opinião, a melhor obra de vinho já escrita no Brasil.

Luigi Bosca Gala 3, safra 2005

luigiFeito pela centenária bodega argentina Luigi Bosca, o Gala 3 se chama assim, por ser precedido por outros dois tintos da casa, intitulados Gala 1 e Gala 2 , também cortes.

Vinho explosivo, pesado, com aromas bastante lácteos e de cerveja. Chega a ser um desafio tomar toda a garrafa. A cor é linda, amarelo-ouro, mas é um vinho unidirecional que antes da metade da garrafa se torna enjoativo. Feito com as uvas Viognier, Chardonnay e Riesling, achei a madeira exagerada, bem diferente do Tiara (branco, também argentino, feito de 3 uvas, Riesling/Alvarinho/Savagnin, sem passagem por madeira). Pode ter sido o dia, mas não agradou.

Paulo Laureano Reserve 2008

paulo-webUm vinho tinto português da região do Alentejo, elaborado a partir das castas Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet, que após 18 meses de estágio em barrica dá origem a um vinho de excelência, que transmite fulgor, prazer e elegância. Aproveitem a mega promoção da Super-Adega. R$ 49,90. Oferta de verdade!

Icewine de Cabernet Franc!

piliteriMais uma dose de Icewine canadense, proporcionada pelo Dr. Leandro Vaz. O médico que mais compra, e toma, esse tipo de vinho, que eu conheço. Tenho a sorte de ser amigo dele e estar em degustações em que ele leva esses vinhos. Dessa vez não deu tempo nem de tirar foto enquanto havia vinho na garrafa. A mesma foi sorvida em rápidos minutos. O diferente dessa vez é que era um icewine feito de cabernet franc. Já tinha tomado os feitos de riesling e vidal, mas de uva tinta só um brasileiro já postado aqui. Esse foi um Pillitteri 2004 da península de Niagara, de cor rosada, com encantadores aromas de doce de caju cristalizado, jaca, pitanga e mel. Doçura com acidez, disparado meu vinho de sobremesa predileto.

Fabulosos vinhos Barmès-Buecher chegam ao Brasil!!

Meu amigo Jo Mendes está na França nesse momento, garimpando preciosidades como a que me mostrou aqui em Brasília no final do ano passado. Tratava-se de um pinot noir da Alsácia do produtor Barmès-Buecher (postado aqui) que acaba de chegar ao Brasil pelas mãos da importadora Casa Flora/Porto a Porto. Esse vinho é simplesmente imperdível, e olha que é só o reserve, há também um vinhas velhas que ainda não tomei.

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Provei novamente esse pinot reserve 2007, juntamente com o pinot gris 2004 (vinho de complexidade, bem amarelo-ouro, nem parece a casta, com nariz muito aromático e mais denso que o comum, show). Nessa prova ainda havia o Riesling Herrenweg 2007, menos carregado na cor, apesar de amarelado, com ótima acidez e mineralidade.

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Todos os vinhos desse produtor são biodinâmicos, com baixíssimo acréscimo de sulfito no engarrafamento. Tenho falado com o Jo e ele me disse que trará novidades no retorno ao Brasil, estou ansioso por sua chegada. Enquanto isso vou me deliciando com os vinhos desse fantástico produtor. Vieram poucas caixas para o Brasil. Se você quer conhecer um vinho bio, de alta qualidade (nem todos são), corra para comprar os seus, pois tenho certeza que esgotarão logo. Na Casa Flora em São Paulo e agora na Adega do Vinho em Brasília (61-3233 0006). A relação dos vinhos importados é a seguinte:

Gewurztraminer Grand Cru Hengst 2006

Pinot Noir Vieille Vigne 2005

Riesling Grand Cru Hengst 2007

Gewurztraminer Cuvee Maxime Suave 2006

Gewurztraminer Grand Cru Steingrubler 2006

Riesling Leimenthal 2004

Gewurztraminer Rosemberg 2007

Pinot Noir Reserve 2007

Pinot Gris Herrenweg 2004

Riesling Herrenweg 2007

Riesling Herrenweg 2008 (ESGOTADO)

Pinot Blanc Rosenberg 2004

Crémant D´Alsace Brut 2008

La Tâche 1994 – Finesse incrível !!

Se há um vinho que pode rivalizar com o Romanée-Conti, ele se chama La Tâche; que em algumas safras pode até estar melhor. Para celebrar o sucesso profissional, os sócios Gentil (dono da preciosidade) e Marcos Rachelle, abriram uma garrafa desse magnífico vinho e fui convidado.

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Nada será como antes. Ao servir em minha taça, de longe senti a explosão de aromas, o vinho exigia que eu levasse o copo ao nariz. Ele estava vivo, fragante, explosivo. Morango, pimenta, carambola, toque suave de caramelo na boca. Nunca tinha tomado um pinot 94 com acidez tão correta. A cor clara e rala da pinot enganava sutilmente as pessoas de outras mesas, que tinham seus copos preenchidos por vinhos negros e densos.

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Tudo no lugar certo. Esse é um vinho para se tomar lentamente, sem pressa, percebendo suas mudanças, sem horários nem compromissos. Agradeço imensamente o convite, e por se tratar de um vinho tão especial, que nem sei se tomarei novamente, digo que essa noite será sempre lembrada quando o assunto for grandes vinhos. Gentil, Rachelle e Edinho, muito obrigado.

Villa Francioni- Degustação do Portfólio

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Reunimos-nos para degustar a linha de vinhos brasileiros da vinícola catarinense Villa Francioni. Foram provados 09 vinhos de seu portfólio, que conta com 11 exemplares, apenas o tinto Michelli e o Colheita tardia não foram provados. A Villa Francioni é uma velha conhecida, mas havia alguns vinhos que provei pela primeira vez, como os lançamentos Joaquim brut rosé, Joaquim rosé e o Aparados. As impressões foram as seguintes (na ordem de serviço, como mostra a foto da esq. p/ direita. Observem que todas as garrfas têm o polêmico selo fiscal):

Joaquim Brut rosé: Boa perlage inicial, mas perde a força rapidamente. Aromas de melaço, tuti-fruti e doce de goiaba em calda. Na boca tem um açúcar residual que gera um final demasiadamente doce. Estruturado, feito de 08 uvas (shiraz, pinot noir, c.f, sangiovese, merlot, c.s., malbec, petit verdot), método charmat.

VF rosé 2008: Esse é campeão. Não há um rosé nacional melhor que ele. Cítrico, acidez marcante, muito refrescante e com uma cor linda de casca de cebola. Provença total.

VF Sauvignon Blanc 2008: É um dos vinhos mais aclamados da vinícola, mas confesso que não simpatizo com ele. Já o tomei por diversas vezes, e sempre o acho sem graça, pouco aromático e cor muito pálida. Na boca é refrescante, mas não me cativa.

VF Chardonnay Lote II: Super-chardonnay, feito de duas safras 08 e 09, por isso se chama assim, já que o Lote I era feito das safras 04 e 05. Untuoso, generoso, encorpado, denso, amanteigado, e com forte marca da madeira. Algumas pessoas não gostam desse estilo, para quem gosta é um prato cheio.

Joaquim rosé 2008: Esse vinho é o oposto do VF rosé. Feito de c.s. e merlot (provavelmente sangria do Joaquim tinto), ele é mais encorpado e bem estilo novo mundo; com cor mais escura e menos acidez, concorre com outros rosés brasileiros sem diferencial.

VF tinto 2005: Antes do surgimento do Michelli (não degustado), era o vinho tinto top da casa. Também é um vinho que já provei por diversas vezes e realmente é um grande exemplar brasileiro. Potente, encorpado, de final longo e aromas de café, chocolate e ameixa. Feito de c.s, merlot, c.franc e malbec, se beneficia muito se colocado em decanter.

Francesco 2005: Outro tinto muito bem feito, que usa as mesmas uvas do anterior, só trocando a c.franc pela shiraz. Médio corpo, novamente aromas tostados e café. Vinho intermediário entre o Joaquim tinto e o VF tinto, mais pronto para beber.

Joaquim tinto 2006: É o carro chefe da vinícola, e segundo o representante, dentre todos os vinhos que ele comercializa, é o vinho mais vendido em sua loja. Tinto simples, de entrada, feito de c.s/merlot, frutado, com leve amargor final.

Aparados 2007: Como já conhecia quase todos os vinhos, diria que esse foi a maior surpresa. Deixado para o final por se “achar ser o mais fraco”, é o melhor vinho brasileiro de combate que provei. Muito correto, bem feito, que talvez tenha sido produzido pensando em competir em supermercado, mas que em minha opinião, é um crime vendê-lo assim. Dos onze degustadores da noite, surpreendeu a maioria. Faz bonito com qualquer iniciante.