Degustação Didier Dagueneau na Revista Gosto!

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Provar um vinho de  Didier Dagueneau é um privilégio para qualquer apreciador de coisas únicas, mas provar toda sua linha com bônus de um  Astéroide  é um evento. Foi isso que ocorreu em São Paulo, na degustação da  revista Gosto, capitaneada pelo grande conhecedor  Guilherme Rodrigues. Um convite dele não se recusa. Estiveram presentes também,  J.A. Dias Lopes,  José Luiz Pagliari,  Alexandre Rodriguese  Jo Mendes. Essa degustação histórica ocorreu no restaurante North Grill onde Saul Galvão fazia todas suas degustações para o  Estadão. A degustação está relatada na Gosto (edição de Natal, acima) que acaba de chegar às bancas por Guilherme Rodrigues. Abaixo as minhas impressões.

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Começamos com um  Blanc Fumé de Pouilly 2008. Esse vinho é um apanhado geral dos vinhedos dos Dagueneau. Uvas de várias parcelas, inclusive as não aproveitadas no Silex, entram na composição deste que é o vinho de entrada da vinícola. De cara ele impressiona pelos aromas e acidez, aliás, características marcantes dos vinhos Dagueneau são acidez e mineralidade; é uma coerência encontrada em todos seus vinhos. Cor bem clara e final longo, um vinho convidativo que se bebe sem esforço e logo se recarrega a taça.  Essa garrafa só irá ser desbancada se houver outro vinho do mesmo produtor na degustação (o que ocorreu). Caso contrário pode comprar e ser feliz, até porque é o mais acessível.

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Na sequência um  Pur Sang 2008. Aromas terrosos, inéditos em vinhos brancos para mim, surgiram na taça tornando-o um dos prediletos da noite. Esse que sempre foi um dos meus preferidos, continua em forma.

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A seguir, apreciamos o  Sancerrele Mont Damné 2008(quarta safra desse vinho). Trazido pela primeira vez ao Brasil, quantidades ínfimas (0,5 hectare), é o vinho mais “gordo” de seu portfólio, mas sem deixar o binômio acidez/ mineralidade. Veja o post específico desse vinhoaqui.

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Silex 2008. Dos vinhos “encontráveis” esse é o mais famoso. Novamente cor bem clara, muita pedra de isqueiro, pedra molhada, flores brancas e cítrico. Sauvignon Blanc ácido e mineral, parceiro perfeito para um queijo de cabra.

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Buisson Renard 2007. Foi o único que não era da safra 08. Também puxado para untuosidade, dentro do portfólio Dagueneau é o que mais se aproxima do le Mont Damné nesse quesito. Aromas de manteiga com limão e cor um pouquinho mais esverdeada que os outros.

Finalizando os vinhos tranqüilos, a cereja do bolo,  Astéroide 2008, que receberá postagem exclusiva. Clique aqui para ler.

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Arrematando, outra preciosidade que chega pela primeira vez ao país.  Jurançon les Jardins de Babylone 2008. Vinho de sobremesa com 10,5% de álcool, o que deve ter dado trabalho em obter a AOC Jurançon (subversão que Didier aprovaria plenamente), acidez perfeita que não o deixa enjoativo e permite ser tomado com pratos principais e não apenas acompanhando sobremesa. Untuosidade e acidez permeiam esse exemplar que é o único a não usar Sauvignon Blanc, ele é feito da  PetitManseng em parceria com Guy Pautrat.

Como muitos sabem, após o falecimento de Didier Dagueneau quem assumiu a enologia foi seu filho Louis-Benjamin Dagueneau. O mundo do vinho certamente ficou desconfiado com o rumo que tomariam os vinhos. Benjamin não estava em uma posição fácil, acabara de perder o pai e havia a expectativa natural em torno dos novos produtos. No entanto, ele superou a pressão de substituir uma personalidade lendária no mundo do vinho que foi Didier. Com reflexão, inteligência e extremo cuidado ele tem mostrado que os saudosos não têm com o que se preocupar. Vinhos perfumados, complexos, de baixo álcool, silenciosos, atraentes e harmônicos continuam a ser feitos por esse novo talento chamado Benjamin.