Montchenot, a Vertical Histórica em Brasília

Uma vertical do mítico vinho MONTCHENOT ocorreu pela primeira vez na Capital Federal. Na noite de 7 de dezembro/2018 esta histórica degustação, realizada no espaço gourmet da World Wine BsB (410 Sul), encantou um seleto grupo de enófilos que aguardavam ansiosos para provar esta pérola da vinicultura argentina. Longe dos holofotes mercadológicos, mas bem próximo dos sérios especialistas, esta ampola da Argentina permeia o imaginário popular mesmo na terra de seus conterrâneos.

A Bodegas López é a responsável por este feito, que considero único na Argentina; produzir um vinho da mesma forma há mais de meio século, desde que o rótulo Montchenot foi engarrafo pela primeira vez, em 1960. Seu idealizador foi o filho do patriarca espanhol José López – fundador da vinícola em Maipú/Mendoza, em 1898 – o senhor Federico Lopez, que ao retornar de viagem à região de Reims, França, ficou extasiado com o vilarejo Montchenot, dando início à produção de seu icônico vinho.

O Montchenot Gran Reserva 15 años é feito a partir de parreiras velhas com mais de 80 anos de idade(!!). De pequena produção: 20.000 garrafas, a primeira safra saiu em 1960 e desde então quase ininterruptamente até a recente de 2003. Sempre com mesmo corte bordalês de cabernet sauvignon (predomínio), merlot e malbec. Após a colheita o vinho é maturado em grandes toneis de carvalho francês de 5.000 lts por 10 anos. Depois permanecendo por mais 5 anos nas garrafas. No caso do Gran Reserva 20 años, ele fica 10 anos engarrafado. Qualquer semelhança com o famoso espanhol Vega-Sicilia Único é mera coincidência [Risos!!]. A seguir contamos como foi a vertical, que encantou a todos, especialmente pela qualidade do que era vertido das 5 (cinco) garrafas.

Primeiramente, mas fundamental, agradeço com carinho enorme ao meu novo parceiro na busca de nossas ‘precious’, das cinco safras adquiridas em Buenos Aires, o amigo de longa data Wang Ying TS. Enófilo com grande interesse em conhecer novos e inesperados vinhos garimpados.

Montchenot-15años 2003 – iniciou com alto astral a degustação da noite, com seus aromas abertos de alcaçuz e estrebaria, além de caramelo bem leve, numa boca agradável, alegre e contagiante. Profundo e elegante, mostrou harmonia e força. De cor tijolo/rubi integral, com ótima limpidez. Nota-AC: 93 pts.

Montchenot-15años 2002 – deu sequência à qualidade da safra anterior mas com um ponto a menos em estrutura e harmonia. Com aromas menos presentes, mentol e fruta vermelha. Cor rubi no halo e restante tijolo, perdeu em intensidade no paladar para seus irmãos, mas não ficou longe da alta qualidade organoléptica que marca este rótulo. Nota-AC: 92 pts.

Montchenot-15años 2000 – manteve o padrão da safra 2003, mas com mais fruta negra, pouco mentol, couro e caramelo nos aromas. Na boca novamente personalidade, ótima estrutura e harmonia. Longa persistência por mais de 5 segundos! Nota-AC: 93 pts.

Montchenot-15años 1999 – não por coincidência – mas coincidentemente – alinhamos a vertical pelas safras mais novas até as mais velhas. E não restou outro resultado [não esperado], senão gratas surpresas. Esta safra para mim foi a melhor da noite. Uma elegância de morrer. Uma ampola altiva, com aromas incrivelmente abertos para um vinho de 19 anos! Surgem fruta negra fresca, couro, mentol, leve vegetal. Costumo dizer que um grande vinho se mede pelo seu “tamanho” e longo era sua persistência, chegando a +8 segundos. Wow! Um líquido assim você jamais quer se livrar dele!! Nota-AC: 94 pts. E pedindo mais!!

Montchenot-15años 1998 – fechando a vertical nada menos que outro exemplar de cair o queixo. O preferido do seleto grupo de degustadores! Provando às cegas, um vinho bordalês clássico, mas nada enfadonho, muito pelo contrário, apesar dos 20 anos era o de maior nível de taninos, finos e bem moldados, entre os cinco vinhos. Líquido límpido e harmonioso. Longa persistência e personalidade. Nota-AC: 94 pts.

Uma noite como esta é para ficar na memória para sempre. Tudo por causa de um vinho que, na boca, em que pese as avaliações imparciais, sobra prazer hedônico e diletante deste humilde servo. Como bem diz Patrício Tápia (Descorchados©), ele lamenta o fato de que a elegância deste vinho seja esquecida dos apressados consumidores de “bombas”. Mas enquanto existir o DCV nada disso estará perdido. Por fim, nos resta agradecer aos nobres participantes desta Vertical, além da equipe de Marcos Rachelle, e especialmente ao Jaime, pela parceria que tornou perfeito o evento.