Vinho servido em copo de geléia ?!

nyvinhocopoDe passagem por Nova Iorque, lembro-me de ter jantado num restaurante badalado, tipicamente italiano, no estilo grande tratoria. Ele era realmente muito grande. Um salão enorme, pé-direito alto, que deveria comportar ao menos 300 pessoas. Bem transado e ao formato novaiorquino. Mas o que me chamou atenção, realmente, foi o serviço do vinho, que era feito em pequenos copos de vidro – vejam a foto tirada no local.

Vamos filosofar um pouco sobre este costume. Óras, muitos amigos dizem que vinho só pode ser apreciado em uma taça de cristal, se possível alemã, e coisa e tal… Bobagem! A grande maioria dos brasileiros irá condenar esta forma de beber vinho, especialmente os eno”chatos” [risos]. Eu amei a proposta do restaurante. Não pensem que isto é raro, pois numa enormidade de restaurantes europeus – Itália, Espanha e França – os vinhos são servidos em copos. Simplesmente, por um motivo: lá eles bebem vinho como se fosse água; é quota comum de bebida diária da população. Principalmente nos estabelecimentos mais tradicionais e que servem vinhos de mesa e/ou caseiros.

O vinho provado na ocasião, neste restaurante italiano de Nova Iorque, era um digno Chinon Rouge Jean-Maurice Raffault 2006 (100% cabernet franc), do Vale do Loire (França). Uma família com 50 hectares, que cultiva vinhas há 14 gerações – pasmem! Hoje trabalha o vinho com a viticultura sustentável, sem agrotóxicos ou herbicidas, sendo um dos mais famosos produtores dentro da Apelação Chinon, que comporta dezenas de vinícolas.

Não quero aqui fazer apologia aos copos de geléia, mas que existe certo exagero no mundo enófilo cá no Brasil, ah, isso existe. E o papel que nos cabe para a difusão do consumo é desmistificar mais que idolatrar. Portanto, mil vivas àqueles que bebem vinho a qualquer momento, em qualquer ocasião e em qualquer recipiente, mesmo que seja um “descolado” copinho de vidro em NY. São vocês que fazem esta maravilhosa bebida perdurar por milênios e milênios.