Vinhos Chilenos Aristos

Muita gente compra, ou já comprou vinhos (eu me incluo nessa) baseado no fato de que o produtor do vinho que está sendo comprado é um renomado viticultor de jóias raras; principalmente no velho mundo. Quem nunca se coçou para comprar vinhos chilenos, argentinos, norte-americanos, australianos… Confiando no produtor europeu de renome? Antinori, Lafite, Mouton, Pavie, Sassicaia…

Na maioria das vezes tentamos nos enganar achando que vamos encontrar traços desses grandes vinhos nos exemplares feitos fora da região de origem. Não vamos, é a realidade. Não adianta o DRC adquirir terras no Chile, Argentina, Espanha, Nova Zelândia que ele não vai conseguir fazer um vinho semelhante ao que fazem na Borgonha.

Digo isso, pois a tentação do momento são os vinhos da vinícola chilena Aristos.  A família borgonhesa Domaine du Liger-Belair que faz vinhos estupendos como o La Romanée, adquiriu terras no Chile e em parceria com o especialista em terroir Pedro Parra e o enólogo François Massoc, estão fazendo dois tintos e um branco naquele país. As primeiras safras (o branco Duquesa D´A 2007 chardonnay, Baron D´A 2007 e o Duque D´A 2008) vieram dos vinhedos da vinícola Calyptra; apenas o Duquesa D´A 2008 Chardonnay é que veio de vinhedos próprios no vale de Bio-Bio.

Esperançoso pelo pedigree dos envolvidos adquiri os vinhos Duquesa D´A chardonnay 2008 e o tinto Baron D´A 2007. Total decepção. Antes que me perguntem se foi pelo preço, digo que não, pois se tivessem me agradado não me importaria, mas desagradaram.  O chardonnay Duquesa D´A 2008 é um vinho falso, cheio de maquiagem, com um excesso de 26 meses de carvalho francês NOVO. Toneladas de baunilha e côco são os aromas enjoativos que proliferam na taça. O vinho é untuoso demais, sem delicadeza, quase doce, já tomei inúmeros exemplares assim, como fui cair nessa?!!! Só salvou a cor.

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O tinto Baron D´A 2007 eu achei que seria melhor. Um corte de  C.sauvignon, Shiraz, Petit Syrah e Merlot prometia algo mais inusitado. Não sei qual a porcentagem das outras uvas, mas parecia puro C. Sauvignon chileno com todo seu mentolado, sua rusticidade e novamente a madeira em desequilíbrio (24 meses de madeira nova), tornando esse vinho sem nenhum diferencial.

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Fiquei sabendo que pretendem lançar um pinot noir. Pedro Parra disse não ter ocorrido ainda por não terem encontrado uma pinot a altura. Nesse eles não me pegam.