Corton Prince Florent de Merode (atual DRC)

A primeira vez que tive contato com esse vinho foi em maio de 2011. Nessa época o Domaine de la Romanée Conti já havia arrendado três parcelas de Corton desse produtor, 0,57 Ha de Clos du Roi, que foi o vinho que provei (safra 2004), 0,58 Ha de Les Renardes e 1,19 Ha de Les Bressandes, todos Grand Cru. O DRC começou a produzir seu primeiro vinho tinto na Côte de Beaune em 2009 e só o lançou em 2012. Diferentemente do Prince Florent de Merode que engarrafava esses 03 climats separadamente, o DRC passou a produzir apenas um rótulo de Corton, sem distinção dos terrenos. O nome Prince Florent de Merode aparece no rótulo do Corton feito pelo DRC logo abaixo da palavra Corton.

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Dessa vez provei o Les Renardes 2006 que mostrou uma cor já de evolução, acobreada, levemente atijolada, meio conhaque. No nariz uma ventania de rosas, caju, cereja, pitanga, todas frescas. Uma enxurrada de frescor, acidez e amargor deixam o gole sedutor e sedento. Taninos já muito bem comportados e final imortal. Foi um dos melhores vinhos do ano de 2014, sem dúvida. Daqueles que quando a garrafa termina você a vira de cabeça para baixo e tenta espremer o gargalo para ver se cai mais algum vinho.

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Serena, o pinot noir Brasileiro

O novo nome da viticultura brasileira a ser acompanhado de perto atende por Serena. De maneira única, agricultura e vinificação são conduzidas de forma biodinâmica pelo engenheiro agrônomo Mauricio Ribeiro. A agricultura biodinâmica (criada por Rudolf Steiner em 1924) o acompanha há 40 anos e seu vinhedo é fruto do sonho de um apaixonado pela Borgonha. Ele só planta pinot noir e esse é o primeiro vinhedo biodinâmico do país.

Os rendimentos são baixíssimos, 300 gramas por planta, 06 cachos por pé, em que apenas os 04 melhores são colhidos. O enólogo importou um clone de pinot noir voltado ao baixo rendimento e iniciou seu vinhedo em 2001, após anos de pesquisa e degustação dos melhores pinots já feitos na Borgonha, como, por exemplo, caixas dos vinhos do Domaine de La Romanee-Conti. As plantas geraram os primeiros frutos no ano de 2005. O vinhedo fica em Nova Pádua (RS), tem 1,5 hectares e fica a 750m de altitude.

Uvas e vinho entram em contato apenas com carvalho francês. Os cachos são encubados inteiros e a pisa feita com os pés. Seguida de maceração semi-carbônica em tanque aberto e amadurecimento em barricas “sur lies”, sem transvases.

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A primeira safra engarrafada é de 2011 e gerou, assim como a de 2012, 1.800 garrafas. Já na safra 2013 (ainda em barrica) houve uma redução para 04 barricas e a 2014 terá apenas uma barrica (o clima foi impiedoso). Vale lembrar que o enólogo só utiliza barricas usadas, nunca as de primeiro uso.

Perfeccionista que é ainda não havia colocado seu vinho à venda e segue aprimorando sua forma de vinificação a cada ano, seguindo rigorosamente o método ancestral da Borgonha. Não tenho notícia de outro vinho feito com tanto zelo e afeto aqui no país. Está tudo lá: acidez e amargor na medida, cogumelo, terroso, cereja e rosas. 

Já estão disponíveis as safras 2011 e 2012.

Como adquirir o vinho Serena (clique aqui): www.vinhedoserena.com

Os 10 melhores tintos de 2014

Mais um ano se aproxima do fim e percebe-se que, mais uma vez, muitas garrafas foram abatidas. Algumas conhecidas, outras novidades, muitas surpresas e vinhos emocionantes. Os que comovem são minoria, e até por isso, são os que ficam gravados no disco rígido. Dos ruins, “de marca”, pontuados e medalhados eu fujo, passo longe. De Almaviva a Vega Sicília, passando por tudo que é tinto de Bordeaux, faço questão de não beber. Já provei tudo isso e hoje não me dizem muita coisa, quanto mais causar emoção, impossível. Sei que soa meio radical, mas realmente são vinhos que não vão ao encontro do meu gosto pessoal nesse momento. Para mim, é inconciliável gostar de Caballo Loco e Liger-Belair. Tintos que causaram comoção nesse ano de 2014:

Overnoy Arbois Pupillin 2010 Poulsard (Jura)

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Clos Rougeard “Les Poyeaux” 2009 (Loire)

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Clos Rougeard “Le Bourg”2006 Magnum (Loire)

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Domaine  du Collier “La Ripaille” 2001 (Loire)

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Chanin Los Alamos Pinot Noir 2011 (Santa Barbara-USA)

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Eyrie Vineyards 2010 Dundee Hills (Oregon-USA)

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Crozes-Hermitage 1999 Dard & Ribo (Rhone)

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Volnay 1Cru- Domaine Coche-Dury 2009 (Borgonha)

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Corton Prince Florent de Merode, Les Bressandes 2006 (Borgonha)

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Des Lyres NV- Roblet Monnot (Borgonha)

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Saumur Blanc com Lagosta

O saumur blanc do Domaine du Collier é um vinho relativamente novo, mas já cheio de histórias. A vinícola pertence a Antoine Foucault que vem a ser filho de Charly Foucalut (proprietário do mítico Clos Rougeard em sociedade com o irmão Nady Foucalut).

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Antoine trabalhou no Clos Rougeard por quatro anos e em 1999, aos 26, adquiriu, através de sua família, 04 hectares na região de Brèzè no Loire. Hoje a vinícola tem 06 hectares sendo a maioria de chenin blanc (incluindo algumas vinhas de mais de 100 anos) e menos de 01 hectare de cabernet franc. A propriedade se dedica a viticultura natural, sem utilização de tratamentos químicos, herbicidas e fertilizantes. A colheita é manual, as leveduras são indígenas e só é utilizado um pouco de enxofre na hora do engarrafamento.

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O exemplar bebido foi o saumur blanc 2010 de vinhas de 20 a 75 anos. É um vinho que demonstra complexidade já na juventude. Apresenta uma cor clara e límpida com aromas de pêra e flor sugerindo uma leve doçura. Na boca tem muita mineralidade, acidez, e quando a leve doçura sugestiva do nariz começa a se confirmar, uma avalanche de cítrico, limão e frescor desce atropelando. Foi um excelente acompanhamento a lagosta ao thermidor.

Jantar e vinhos na casa dos Jabour

Já contei aqui que convite para ir à casa dos Jabour não se recusa. Nessa semana eles receberam Júlia Almeida que trabalhou no Attimo e acaba de deixar Maní (SP) rumo ao Peru, para troca de experiências culinárias. Ela chegou terça, trabalhou a semana com a Luiza Jabour e na sexta fizeram um jantar apresentando o que foi praticado durante a semana.

Não dá para detalhar tudo que foi servido, mas o meu destaque vai para o risoto de beterraba, ceviche e a massa ao camarão de parrilla.

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Como aqui o assunto principal é o vinho, aí vão as belas garrafas abertas nessa noite:

1- Vouvray Le Naturel Sebastien Brunet.12% ABV. 100% Chenin Blanc. Passagem por aço e madeira usada. Textura e cremosidade permeadas por aromas de carambola e cerveja, fazem desse vinho mais uma bela surpresa do portfólio do Savio Soares
2- Les Maison Brullés abv 11,5%, sauvignon Blanc. Um pet´nat com um açúcar residual mais notável que o do vinho anterior. Leve agulha que combatia e refrescava o doce do ataque inicial. Ficou perfeito com o ceviche condimentado.
3- Domaine de Saint Pierre- Petit Coroulet-Arbois-2012– Jura, 12%. Um blend de Pinot Noir com Poulsard, muito refrescante e com bastante cereja. Pra beber um litro.

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4- J´en Voux 2012-J.F.Ganevat– 10,5% – Uma mistura de 18 uvas, entre tintas e brancas do Jura. Já provado e postado algumas vezes. Não só o rótulo é inusitado e provocante, como o vinho acompanha toda irreverência da arte. Muito frescor, leve gás dando a sua agulhada seguindo o estilo do vinho aterior. Mais glou-glou que complexo.
5- Morgon Cuvée 3,14 do Jean Foillard safra 2010. Abv 13,5%. Apesar de Gamay, um vinho mais “sério” que os dois anteriores. Um levíssimo confitado, lá no fundo, não passou nem perto de estragar esse que, para mim, foi o vinho da noite. Fumo, flor e acidez. Lindão.

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6- Munjebel- Frank Cornelissen Bianco 9. Abv 14%. Vinho laranja de longa maceração feito de Grecanico d’Orato (80%), Coda di Volpe, Carricante e Cattaratto. Pequena tanicidade, mas o que mais surpreende é o corpo com uma bela acidez. Daqueles poucos vinhos laranja que você bebe sem se empapuçar.

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Le Bistral encerra as atividades.

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Só agora, quase 07 meses depois, fiquei sabendo do encerramento das atividades do Le Bistral. Um daqueles Bar à Vin que todo aficionado por vinhos naturais e boa comida faz questão de visitar quando vai a Paris.

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Fiquei sabendo da existência desse lugar pela coluna que o músico Ed Motta mantinha no site da revista Veja semanalmente, no ano de 2006/07. Veja a coluna aqui. Eu aguardava ansioso pela segunda-feira, dia em que sua postagem inédita ia ao ar, para ficar sabendo sobre vinhos, música, comidas, restaurantes… Foi lá que tomei conhecimento de vários vinhos brasileiros de pequenos produtores como Tormentas, Vallontano (bem antes deles estarem no portfolio da Mistral), Don Abel, Cave Ouvidor e comecei a prestar mais atenção nos vinhos brasileiros. Além de inúmeros vinhos internacionais…

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Alexandre Mathieu

Como já disse, foi por sua coluna, intitulada com o sugestivo nome Boa Vida, que ouvi falar do Le Bistral pela primeira vez. Quando li que havia bebido um Chateau Yvonne 1997 (primeira safra desse vinho que sou fã) vi que o lugar era especial. Sempre pensei em ir lá, mas nas oportunidades que tive não foi possível. O lugar sempre estava na minha lista, mas agora já não há chance. O proprietário resolveu dar um tempo, repensar a vida, e encerrou as atividades. Eu sempre o indicava (mesmo sem nunca ter ido) a amigos. Os que foram só falaram bem. As fotos e informações foram retiradas do blog que publico o link aqui

Vin de France “J’en Veux” 2012

Vinho raro e delicioso do prestigiado produtor do Jura, Jean-François Ganevat. Feito de uma mistura de 18 uvas, brancas e tintas, não classificadas na AOC Jura, como Petit Beclan, Beclan, Gueuche, Enfariné, Corbeau, Portugais Bleu, Gouais, Argant, Seyve-Villard, todas oriundas de vinhas pé-franco. As uvas são colhidas à mão e resultam em um vinho natural, de cor turva vermelho-claro, sedutora e cativante. Aromas terrosos e de amargor equilibrado fazem desse exemplar um vinho fácil e delicioso. Os 10,5% de álcool confirmam que uma magnum é pouco para saciar a “sede”. Vai fácil. Produção de 960 garrafas. A primeira safra é de 2004. O rótulo foi proibido nos EUA, lá leva outra arte. Se achar, não perca a oportunidade de comprar!

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RPM o Gamay de Rajat Parr e Arnot-Roberts

Rajat Parr, sommelier indiano radicado há anos nos EUA, juntamente com Nathan Roberts e Duncan Arnot Meyers (da vinícola sensação americana Arnot-Roberts) se unem para fazer um vinho. Resolvem produzir um Gamay de classe mundial, o que me leva imediatamente a pensar nos melhores Beaujolais do planeta. Foillard, Metras, Lapierre, Thenevet, Chamonard… O vinho é batizado de RPM (Roberts, Parr, Meyers) e com a ajuda de Steve Edmunds conseguem uvas das duas únicas plantações de Gamay existentes na Califórnia, cultivadas por Ron Mansfield.

O solo se parece com o de Fleurie e os três visitaram Jean Foillard em seu vinhedo Cote du Py em Morgon.

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Conhecendo a admiração do Rajat pelos Beaujolais e sendo fã dos vinhos da Arnot-Roberts, tenho a certeza de que preciso que obter esse vinho. A primeira safra, 2011, já está esgotada e a segunda, 2012, só é vendida pelo mailing list da vinícola (também esgotada). Consigo uma garrafa do 2012 e vou repleto de esperança em ter minha expectativa confirmada.

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Todavia, me deparo com um vinho negro, tânico e bem mais denso que os exemplares franceses. No lugar daquela fruta vermelha saltitante (morangos) encontro aquele cedro, caixa de charuto… Os caras pesaram a mão e, na minha avaliação, não chegou perto dos exemplares originais. Contudo, se você se abstrair da comparação, é um vinho bem feito e interessante. Apenas não me empolgou. Com certeza, pela expectativa gerada.

Arnot-Roberts Rosé 2013

A Arnot-Roberts é uma vinícola californiana, pequena, fundada em 2001 pelos amigos de infância Duncan Arnot Meyers e Nathan Lee Roberts, mais precisamente na cidade de Healdsbug/CA.

Eles não possuem vinhedos e é impressionante a qualidade dos vinhos que conseguem produzir mantendo contratos de arrendamento de algumas parcelas de terras.

Iniciaram as operações de cantina na cidade de Forestville chegando a Healdsburg, onde moram com a família, em 2011.

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As uvas desse rosé vêm de Clear Lake, mais precisamente da Luchsinger Vineyard que pertence a Bernie Luchsinger. Esse vinhedo também fornece Trousseau para outro exemplar da dupla. Voltando ao rosé, é um vinho de 80% Touriga Nacional e 20% Tinto Cão. Vinificado com baixa extração resulta em vinho claro acobreado, com aromas de morango e groselha, muito sutil e refrescante. Acidez elétrica como todo rosé deveria ter.

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Novo WineBar em Brasília

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Foi inaugurado nessa terça-feira 13/05/14 o mais novo Wine Bar de Brasília. Adjacente à loja Adega Baco na comercial da quadra 101 do setor sudoeste. Uma máquina de 16 bicos regula a temperatura de acordo com o vinho a ser servido. Brancos, tintos ou rosés podem ser provados em sua temperatura ideal.

A máquina despeja doses de 30 ml, 75 ml e 150 ml do vinho escolhido, permitindo que se prove vários exemplares sem ter que adquirir a garrafa.

O Wine Bar também inclui uma champanheira em que os espumantes repousam em uma piscina de gelo, garantindo que a bebida seja servida na temperatura ideal.

Há vinhos para todos os gostos e a brincadeira de provar diversos estilos em uma noite é bastante convidativa.

Para escoltar os vinhos há um serviço de cozinha que oferece tábuas de queijos, frios e embutidos, entradas quentes e frias, panelinhas individuais e sobremesas.

Vale a visita!

Adega Baco: comercial da quadra 101-bloco A- setor Sudoeste, tel.61- 3344-3309.